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‘Beatriz Milhazes: Avenida Paulista’ expõe a obra múltipla da artista carioca em suas camadas de cores, formas e sentidos

Em São Paulo – Pode ser vista no MASP – Museu de Arte de São Paulo até o dia 30 de maio a exposição “Beatriz Milhazes: Avenida Paulista”, com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Amanda Carneiro, curadora-assistente do MASP; Ivo Mesquita, curador independente.

(Foto: Vicente de Melo)

Esta é a maior exposição já dedicada à obra de Beatriz Milhazes (Rio de Janeiro, 1960), uma artista central na arte contemporânea brasileira, no panorama da pintura internacional e na história recente da abstração. Milhazes trabalha com um complexo repertório de imagens associadas a diversos motivos, origens e fontes, sobretudo em pintura, gravura e colagem, mas também em desenho, escultura, livros de artista, têxteis, entre outros.

Oscilando entre abstração e figuração, geometria e forma livre, suas composições são intrincadas, densas, multicoloridas e literalmente cheias de camadas — de cores, tintas, papéis e significados. Cada forma surge e se desenvolve a partir de um universo específico, podendo perdurar por décadas no repertório da artista, transformar-se ao longo dos anos ou marcar um determinado período. As fontes são diversas e plurais — do modernismo ao barroco, da chamada arte popular à cultura pop, da moda à joalheria, da própria história da arte à natureza, da arquitetura à abstração — e compreendem referências múltiplas: desde Tarsila do Amaral (1886-1973) e Sonia Delaunay (1885-1979), a Bridget Riley e Ione Saldanha (1919-2001), para mencionar algumas.

O título da mostra empresta o nome da avenida onde se situam as duas instituições que coorganizam o projeto: o Itaú Cultural, onde são exibidas colagens e gravuras, e o MASP, onde são expostas pinturas, esculturas, desenhos, uma tapeçaria, além de livros e documentos. Avenida Paulista é também o título de uma pintura feita especialmente para a ocasião e doada pela artista ao MASP; é exposta no segundo andar, espaço do acervo do museu, onde se encontra também a escultura Marola. A exposição ocupa ainda o mezanino e a galeria do primeiro subsolo, onde são mostradas pinturas de pequenas dimensões; desenhos; três obras de motivos similares que, em diálogo, explicitam como a artista trafega por distintos meios, bem como uma vitrine com documentos, livros de artista e catálogos.

No segundo subsolo, são expostas pinturas de grandes dimensões em estruturas autoportantes que são desdobramentos dos radicais cavaletes de vidro concebidos por Lina Bo Bardi (1914-1992) para o acervo do MASP. As pinturas são organizadas numa cronologia inversa — das mais recentes para as mais antigas, embora não de forma rígida. Pendendo do teto, uma nova versão da escultura Gamboa verte em direção ao centro do espaço, criando um ambiente para as apresentações da Márcia Milhazes Companhia de Dança. Desde os anos 1990, Beatriz desenvolve cenografias e projetos em colaboração com sua irmã, a coreógrafa Márcia, o que configura um importante aspecto de sua trajetória, sublinhado nessa mostra que, afinal, se insere num ano todo dedicado às Histórias da dança no museu (2020). Com a pandemia, as apresentações foram programadas para 2021; as datas serão anunciadas. Ainda, nas vitrines do segundo subsolo, são expostos alguns resultados de oficinas para crianças realizadas pela artista no MASP em 2016 e 2019. 

A exposição inclui mais de 170 trabalhos feitos a partir de 1989, um ponto de inflexão na trajetória de Milhazes. Foi nesse ano que ela desenvolveu a técnica que chamou de monotransfer, em que ela pinta sobre uma folha de plástico transparente e depois decalca ou transfere o elemento pintado e seco para a tela (uma dessas folhas está exposta na vitrine no primeiro subsolo). Esta é uma oportunidade única para se conhecer o trabalho tão diverso, complexo, multifacetado e singular de Beatriz Milhazes, uma das artistas mais significativas da cena brasileira e internacional no século 21. 

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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