Em iniciativa inédita, um arquivo de quase mil discos do colecionador Zeca Leal (1928 – 2012), “Especial Spectro Jazz – Coleção Zeca Leal”, com variadas vertentes jazzísticas, está aberto à visitação virtual pela plataforma https://www.spectrocd.com.br/especial-spectro-jazz-colecao-zeca-leal/, idealizada e dirigida pelo casal Rafael e Ariane Marcolino.
Os discos trazem a sonoridade singular de Bill Evans, Chet Baker, Dave Brubeck Quartet, Miles Davis, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Frank Sinatra, com 150 títulos.
Entusiasmado com a própria história de Zeca Leal, Rafael decidiu promover uma semana inteira dedicada ao seu acervo, a partir da disponibilidade de Marina Leal, filha de Zeca, em colocar os títulos à venda.
“Como não era comum na época (final dos anos 50) alguém no Brasil ter acesso a este tipo de material, Zeca abria sua casa em São Paulo para audições onde compareciam Marcos Valle, Cesar Camargo Mariano, Simonal, o pessoal do Zimbo Trio, para citar alguns”, afirma, admirado.
Além da visita virtual, no próximo sábado, 10 de outubro, os interessados poderão ter acesso presencial à coleção por meio de agendamento feito pelo telefone (19) 98268.5094 (vagas limitadas).
Zeca Leal foi colecionador e amante da música. Sentia prazer em informar as novidades e, mesmo tendo suas preferências, não se esquivava da pluralidade de gêneros e estilos nos encontros com os músicos, na prática da escuta e do aprendizado. “Era uma enciclopédia”, lembra a filha do Zeca, Marina Leal, artista plástica e produtora. “Todos que por lá passaram guardam na memória, a riqueza desse convívio ligado pelo fio amoroso da sonoridade: Dick Farney, Hamilton Godoy, Zimbo Trio, Cesar Camargo Mariano, Gogô (Hilton Jorge Valente) entre tantos outros”, elenca.
Além do piano meia cauda, Zeca adquiriu baixo e bateria para receber os artistas e possibilitar o maior envolvimento musical, numa época onde não existia essa extensa aparelhagem de ponta. “Piano era sua paixão”, revela Marina, citando os mestres do pai, Gogô e Silvinha Góes.
“E Zeca vivia aquilo como uma religião”, diz a filha. “Foram anos de formação e informação de muitos instrumentistas e amantes da música. Quem pode viver aquela magia e generosidade são gratos até hoje com lembranças de muitas histórias”, salienta.
No site da Spectro, o visitante poderá apreciar, ainda, um rico material iconográfico, com imagens dos artistas, capas autografadas e com dedicatórias, como a do amigo Zuza Homem de Melo, importante pesquisador musical, escritor e jornalista, que morreu no último dia 4 de outubro.
Outro ponto a destacar são algumas edições dos anos 1956/1957, que trazem recortes da revista Downbeat com críticas daqueles títulos.
Os LPs hoje disponibilizados guardam encontros, histórias, alegrias, sonhos. É uma coleção que monta diversos tempos.
Além da riqueza dos discos, o site chama atenção pelas ilustrações do jovem Felipe Famil, 18 anos, morador de João Pessoa, filho de um amigo de Rafael, e fã de quadrinhos desde criança.
“Ele postava seus desenhos no instagram e estava bem desanimado com a falta de interessados. Num post onde externou esse desânimo, resolvemos incentivar encomendando um trabalho e lançando um desafio: enviamos várias fotos de capas de Jazz do acervo do Zeca e pedimos para que fizessem a releitura. O trabalho foi feito em um dia, com uma série de três desenhos que se juntam por uma linha contínua. Capturou maravilhosamente bem a atmosfera do jazz e do nosso pedido e, ao mesmo tempo, não abriu mão de suas referências e estilo mostrando que tem enorme talento e sensibilidade. Superou nossa expectativa”, afirma.
Spectro
A Spectro começou quando Rafael adquiriu um lote de CD’s com vários títulos que já possuía e sua esposa perguntou: “O que você vai fazer com tudo isso?”. Respondeu: “Vou abrir uma loja online, você me ajuda?”. Assim, juntando com mais algum material de David Cappelini (que há décadas apresenta a Rafael todas as facetas do ProgRock), o site entrou no ar.
A plataforma organizou as mostras “A Arte da Capa”, que mostra a inventividade das capas de discos; e “Do Samba ao Soul,” uma trajetória da história da música brasileira.
(Carta Campinas com informações de divulgação)