O bolsonarismo conseguiu fazer com que a grande mídia divulgue diariamente nas redes de TV do Brasil uma notícia falsa sobre a Covid-19. O chamado “número de recuperados’ ou ‘total de recuperados’ é uma informação falsa, mentirosa ou, no mínimo, incorreta.

Jonh Granjeiro e a esposa Cátia (foto reprodução rede social- campanha)

É impossível de checar se as pessoas realmente estão recuperadas, ou seja, se não ficaram com sequelas graves ou leves, que terão de conviver pelo resto da vida.

Não há estrutura jornalística para fazer essa checagem. A única coisa que a mídia faz é divulgar o “número de sobreviventes num primeiro momento após infeção”. Essa seria a informação mais correta, mas é traduzida como “total de recuperados”.

Há inúmeras informações tanto científicas sobre as sequelas causadas em vários pacientes. Só por isso, essa informação já seria enganosa.

Um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo mostra que até 40% dos “recuperados” ficam com sequelas. Ou seja, não estão totalmente recuperados.

Rodrigo Stabeli, pesquisador da Fiocruz e professor de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), afirmou ao Uol que, do ponto de vista clínico, não é correto considerar um paciente recuperado apenas a partir do teste PCR negativo. “A recuperação é complexa”, disse Stabeli.

O ‘total de recuperados’ passa a impressão de que 100% das pessoas ficaram ótimas e têm uma vida normal após a doença. Ou seja, estão recuperados. E essa com certeza foi a intenção dessa contribuição bolsonarista para o jornalismo: enganar.

Uma das recuperadas, alardeada pela mídia, é Caroline Coster, de 58 anos, moradora da cidade de Bedford. Ela foi colocada em coma induzido por um mês e quase morreu em duas ocasiões, depois de pegar o vírus em março. Recuperada, ela teve suas mãos e seus pés amputados depois de problemas de saúde ligados à covid-19. Ela foi forçada a se aposentar como professora e agora está se adaptando à sua nova vida. Veja relato da BBC.

É impossível checar se entre esses milhões de pessoas “recuperadas” não há inúmeras com sequela que causou a morte posterior por um evento não relacionado direta e imediatamente ao coronavírus. Por exemplo, um infarto ou uma doença que se intensificou após a infecção pela Covid-19.

Ou seja, para não parecer que estava dando apenas notícia ruim sobre a pandemia, a imprensa chapa branca e pressionada passou a dar uma informação totalmente imprecisa, falsa e ideológica.

John Granjeiro (foto), que era funcionário da Câmara dos Deputados, é um outro caso. Ele ficou mais de 60 dias na UTI após contrair a Covid-19. Ele conseguiu se livrar do coronavírus. Ou seja, tecnicamente recuperado da Covid-19. Porém ficou com sequelas graves da doença. Passou mais 4 meses na UTI e morreu em decorrência desses problemas.