.Por Susiana Drapeau.
Lula Inácio Lula da Silva, que completou 75 anos no mês de outubro, tem um grande desafio e uma grande responsabilidade pela frente. Ex-presidente e líder do maior partido de esquerda do Brasil e um dos maiores do mundo, Lula está sendo disputado por duas correntes democráticas.
A disputa tem o mesmo objetivo: enfrentar a ascensão fascista representada governo militarizado de Bolsonaro e de grupos paramilitares e milicianos que avançam na política.
De um lado está a militância oficial do PT, a burocracia intelectual partidária, representada por uma corrente interna de ideólogos do partido que querem Lula defendendo a hegemonia petista, ainda que isso traga derrotas ao próprio partido e ao país. E justificam dizendo que isso faz parte do jogo. Essa corrente tem sido vitoriosa até o momento.
A maior vitória dessa corrente foi a decisão de Lula nas últimas eleições de lançar uma chapa encabeçada pelo PT para a presidência da República, o que gerou a derrota nas urnas e ascensão do governo de extrema direita. Essa corrente quer Lula como um líder petista, acima de tudo, e não vê conjuntura nacional diferente do que foi desde 1989.
Do outro lado está a esquerda e setores democráticos de fora da inteligência do partido e que quer palpitar sobre o PT, mesmo sendo de fora. Essa corrente, representada por líderes de outros partidos, intelectuais, religiosos progressistas e até mesmo membros do PT, quer que Lula seja um líder nacional, articulador de uma ampla força nacional, para derrotar o fascismo, e que esteja até acima dos interesses eleitorais do PT. Essa corrente vê a conjuntura atual como diferente das anteriores desde a criação do partido.
Para que lado Lula vai? Desde a época em que foi preso político em Curitiba, Lula fica nesse cabo de força, sempre fechando ao final para a camisa petista. Ao mesmo tempo mantém na mídia uma espécie de diálogo aberto com outros setores democráticos.
Essa disputa mostra o tamanho e a importância de Lula. Ela deve durar por mais alguns anos e definir o custo e o preço a ser pago pelos brasileiros.
Nunca me pareceu que Lula se contentou em ser líder apenas do PT, caso contrário, não seria sempre o candidato do PT à presidência da República, ou seja, em todas as eleições. Essa tese é de quem quer que ele abdique do direito de concorrer mais uma vez à presidência do país, e ceda sua popularidade a alguns oportunistas de ocasião, como Ciro Gomes. De novo, os oportunistas jogando nas costas de Lula e da “burocracia do PT” a eleição de Lula.
Ah, “… de um lado estão a militância,… representada…”, creio que o correto seja “… de um lado ESTÁ… REPRESENTADA…” OU … “… ESTÃO…. REPRESENTADAS…”.