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Butô, kabuki, Freud e Lacan questionam a ideia de identidade em ‘A Vida das Bonecas Vivas’

O espetáculo de dança-teatro A Vida das Bonecas Vivas, concebido e dirigido por Dan Nakagawa, tem pré-estreia online no dia 29 de novembro, domingo, pelo canal do projeto no YouTube, às 21h30. Com estética marcada pelas referências do butô, do kabuki e da dança contemporânea, a montagem é inspirada no movimento das Living Dolls para tratar de existências humanas à margem de uma sociedade que cerceia a diversidade e a subjetividade.

A Vida das Bonecas Vivas (Foto: Dani Sandrini)

A ficha técnica, que tem Helena Ignez como atriz convidada, conta com nomes como Bogdan Szyberde (polonês, radicado na Suécia) na provocação cênica, Lucas Vanatt como dramaturgista e Anderson Gouvea na coreografia, que também integra o elenco ao lado de Alef Barros, Laércio Motta, Gabriel Shimoda e Vivian Valente. A gravação que será exibida ocorreu no palco da Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso, onde o espetáculo cumprirá temporada com presença física do público em abril de 2021.

A comunidade global Living Dolls, na qual homens se vestem com máscaras, roupas de silicone e seios protéticos, a fim de se transformarem em bonecas vivas, surgiu nos anos 80. Atualmente, o movimento tem mais adeptos na Alemanha, Reino Unido e EUA. A montagem investiga questões existenciais, de identidade, filosóficas e artísticas na construção psíquica da personalidade em busca de um duplo como forma de transcender a própria existência. E, pelas sutilezas, tensões cênicas e subjetivas, revela a maneira como a instauração dessa nova persona afeta a identidade e, por consequência, a dança do corpo transformado.

Segundo o diretor, as personagens de A Vida das Bonecas Vivas vão ao encontro de sua sombra, de seu duplo, tendo por base conceitos da psicanálise como o ‘estranho-familiar’, de Sigmund Freud, o ‘nosso outro no espelho’, de Jacques Lacan, o ‘retornar a si pela experiência do outro’, de Antonin Artaud. Ele conta que usou também como referência os trabalhos do dramaturgo e coreógrafo grego Dimitris Papaioannou, da companhia de dança Cena 11 e do performer e coreógrafo japonês Hiroaki Umeda para trazer à tona perspectivas de um “renascimento identitário” que transponha os limites do engessamento social e dos papéis desempenhados diariamente.

As motivações para esse projeto vêm de uma contínua pesquisa feita por Dan Nakagawa já no seu primeiro espetáculo Não Ia ser Bonito?, no qual explorou questões existenciais em torno do conceito de realidade e memória. E seguiu em Normalopatas, que questionava um sintoma coletivo de normalidade e normatização, bem como em seu recente trabalho, O Aniversário de Jean Lucca, inspirado na linguagem coreográfica do teatro kabuki e no conceito “lógica do condomínio”, uma analogia do psicanalista Christian Dunker.

Desde 2017, o diretor vem desenvolvendo trabalhos em Estocolmo, Suécia, estreitando as trocas culturais entre a sua arte provocadora e brasileira com o teatro e a dança suecos. Por duas vezes consecutivas, foi convidado a lecionar teatro e performance na Stockholm Academy Of Dramatic Arts, em 2017, mesmo ano em que colaborou como diretor na montagem da peça Tjuvar, de Dea Loher, com direção de Ulrika Malmgren. Em 2018, dirigiu a leitura dramática de O Aniversário de Jean Lucca, de sua autoria, com atores e bailarinos suecos e, no ano seguinte, dirigiu no MDT – Moderna Dansteatern (Teatro de Dança Moderna de Estocolmo) a performance de dança-teatro Wonderful Days – A Work In Progress com artistas da Suécia, Brasil e Inglaterra.

Ficha técnica – Direção e dramaturgia: Dan Nakagawa. Provocação cênica: Bogdan Szyber. Coreografia e preparação corporal: Anderson Gouvea. Dramaturgismo: Lucas Vanatt. Atriz convidada: Helena Ignez. Bailarinos/atores/performers: Alef Barros, Anderson Gouvea, Laércio Motta, Gabriel Shimoda e Vivian Valente. Trilha sonora: Dan Nakagawa. Assistência de direção: Carla Passos. Design de luz e projeção: Amanda Amaral. Figurino: Alex Leandro. Costura: Deni Chagas, Ana Lucia Bailú e Nicole (Oficina de  Costura e Su Martins). Cenografia e adereços: Rafael dos Santos. Sonoplastia: Lucas Paiva. Tradutor: Gabriel Shimoda. Arte gráfica: Felipe Uchôa. Fotografia: Dani Sandrini. Equipe de vídeo: Atom Filmes.Câmeras: Eduardo Moryama e Francine Tomo.Câmera móvel: Zele Volpato.Finalização: Francine Tomo.Direção de vídeo: Filipe da Gama. Mídias sociais: Platea. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Produção: Anayan Moretto. Direção de produção: Adriana Belic. Apoio: Projeto realizado por meio do Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – ProAC de Produção e Temporada de Espetáculos Inéditos de Dança.

Sinopse – Um homem de meia idade, em uma crise profunda de existência, decide viver uma nova experiência e contrata os serviços de uma inusitada agência japonesa, chamada La Buena Vista, que proporciona ao homem uma nova realidade: uma nova família, novos amigos, um novo amor e um novo nome: Margareth. Ele, então, decide renascer no corpo de uma boneca viva, em outro planeta chamado A Outra Terra, inspirado numa Tóquio futurista. Nesse planeta, ela vive toda a felicidade que esse simulacro de vida pode oferecer. A fantasia vivida é plástica, assume a poesia da dança e do musical até que a realidade esquecida venha encontrar Margareth na forma de seu duplo. Frente a frente com sua parte mais sombria, Margareth deve fazer a sua escolha.

Espetáculo A Vida das Bonecas Vivas

Pré-estreia online: 29 de novembro – domingo, às 21h30

Onde: YouTube / A Vida das Bonecas Vivas – https://cutt.ly/avidadasbonecasvivas

Grátis. Duração: 1h. Classificação: 14 anos. Gênero: Dança-teatro

Instagram: @avidadasbonecasvivas

Facebook: @ bonecasvivas2021

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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