A organização BlackLivesMatter ganhou notoriedade após o assassinato de George Floyd, homem negro que foi morto pela polícia dos EUA no 25 de maio de 2020. Floyd foi morto sufocado por um policial e a cena da morte se espalhou pela internet e gerou protestos em várias partes do mundo.

(imagens – mst e blacklivesmatter)

Mas o BlackLivesMatter surgiu em 2013 em resposta à absolvição do assassino de Trayvon Martin, um garoto negro de 17 anos de Miami Gardens, na Flórida, que foi morto a tiros em Sanford, também na Flórida por um homem branco chamado George Zimmerman. 

A Black Lives Matter Foundation Inc é uma organização global nos EUA, Reino Unido e Canadá, cuja missão diz ser a erradicação da supremacia branca e a construção de poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras pelo Estado e pela polícia. A organização se propõe a combater os atos de violência, criando espaço para conquistar melhorias imediatas para os afro-americanos.

Uma das coisas mais interessantes e novas do BlackLivesMatter é a descentralização de lideranças. Em qualquer cidade dos Estados Unidos e do mundo é possível criar uma seção da entidade independente, assim como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).

A ideia é evitar que o movimento em defesa dos direitos e da vida dos negros norte-americanos seja destruído com o assassinato de uma liderança centralizada, como aconteceu com Martin Luther King, Malcolm X e Fred Hampton. Os três foram assassinados após sofrerem uma grande campanha negativa do governo dos Estados Unidos e do FBI. Hamptom foi o caso mais explícito: a polícia de Chicago o metralhou de madrugada enquanto dormia.

Usando a tática do MST, mesmo que uma liderança seja assassinada, um momento trágico mas provável e real, outras lideranças mantêm o movimento em luta e resistência, como acontece com o próprio Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que tem unidades e lideranças independentes por todo o Brasil.

O MST já era para ter sido destruído há muito tempo tamanho o massacre de lideranças nas últimas décadas. Para se ter uma ideia da força da descentralização do MST, entre 1964 e 2016, o número total de assassinatos no campo foi de 2.507 homens e mulheres, segundo os dados da Comissão Pastoral da Terra e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). É um genocídio de lideranças com a complacência da Justiça e dos governos. Muitas dessas lideranças eram ligadas ao MST, mas mesmo assim o movimento continua sua luta por melhores condições de vida no campo e teve papel importante na pandemia de Covid-19 ao distribuir milhares de cestas básicas por todo o Brasil.

Para o ativista e escritor Van Jones, é essa a característica que dá esperança em relação ao BlackMattersLives, diferente dos Panteras Negras e do movimento dos direitos civis nos EUA. “Não é um fenômeno que pode ser parado por uma bala ou por qualquer outra coisa”, diz.

Vejas as seções independentes do BlackLivesMatter.