O governo de Jair Bolsonaro impôs sigilo no registro de visitas do Palácio do Alvorada na mesma época em que Fabrício Queiroz foi morar na casa do advogado Frederick Wassef, que fica em Atibaia (SP).

(fotos de vídeo e marcos correa – pr)

Na cronologia dos fatos há o seguinte: em agosto de 2019, Bolsonaro classificou como “reservadas” as informações sobre o registro de visitantes que entram e saem do Palácio da Alvorada e do Jaburu. Assim, esses dados ficam sob sigilo por cinco anos.

Segundo informações da Polícia Civil de São Paulo e do próprio caseiro da casa de Frederick Wassef, Queioz estava na casa de Atibaia há cerca de um ano. Ou seja, Queiroz pode ter ido para Atibaia entre junho e julho de 2019. No mês seguinte, em agosto de 2019, o governo Bolsonaro decreta sigilo das visitas. Vale lembrar que o advogado Wassef se diz amigo da família Bolsonaro desde 2014.

Fabrício Querioz, que é velho amigo do Bolsonaro da época do Exército, foi preso dia 18 de junho numa ação conjunta do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e do MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

Outro dado importante, que coincide com estas datas, foi revelado por reportagem do Uol sobre a amizade entre Jair Bolsonaro e o advogado Frederick Wassef.

Segundo a reportagem, Wassef atuou informalmente no caso Queiroz durante um período e só passou a se declarar como advogado de Flávio em junho de 2019, justamente o período que coincide com a ida de Queiroz para Atibaia. Antes disso, anota a reportagem, ele “trabalhava nos bastidores”.

Outra informação grave e problemática é que em setembro de 2019, Wassef disse em entrevista a Globo News que não sabia onde estava Queiroz. Setembro de 2019 é exatamente um mês após a imposição do sigilo às visitas e também quando Queiroz já estaria em sua residência.

Além da acusação de apropriação privada de recursos públicos por meio da rachadinha, Fabrício Queiroz se tornou uma peça importante no esclarecimento dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Isso aconteceu após a revelação de que a mãe e a esposa de Adriano Magalhães da Nobrega, miliciano apontado pelo Ministério Público de estar envolvido no assassinato, foram funcionárias do gabinete de Flávio Bolsonaro. Adriano, que estava foragido na Bahia, foi morto em operação da Polícia. Outros três militares acusados de participação no assassinato estão presos.

O próprio Fabrício admitiu em janeiro de 2019 que indicou a mãe e a mulher do ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, que também é apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de milícia.