A Costa Rica, que não tem Exército e, consequentemente, nem pensão vitalícia para filhas de militares, é o melhor país das Américas no combate a Covid-19. O governo Bolsonaro, que não sabe o que fazer diante da pandemia, poderia consultar as ações e estruturas do país da América Central.

Desde o início de março, quando o primeiro caso do novo coronavírus Sars-CoV-2 foi detectado na Costa Rica, até esta sexta-feira, primeiro de maio, o país registrou cerca de 700 infecções e apenas 6 mortes.

“Não investimos no Exército (o país não tem Exército), mas gastamos muito em saúde, previdência e educação, e isso tem sido muito importante”, disse a BBC o médico Luis Villalobos, especialista em saúde pública da Costa Rica e ex-reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Costa Rica.

“Nossa melhor vacina contra a covid-19 é ter uma população disciplinada e educada e um sistema de saúde bastante consolidado”, acrescentou Villalobos.

A reportagem da BBC relata ainda que a Costa Rica é um dos países com a menor taxa de letalidade por coronavírus na América Latina e no mundo. A taxa de letalidade, que indica o número de mortos entre pacientes infectados, é de 0,86%, segundo cálculos da BBC News Mundo com dados a Johns Hopkins University. Nos EUA. No Brasil, a média nacional é de 6,8%, segundo o Ministério da Saúde.

Desde o início da pandemia no país, os contaminados foram acompanhados e visitados por profissionais de saúde das Equipes Básicas de Assistência Integral à Saúde (Ebais), e o médico ficou em contato com a família por meio de mensagens do WhatsApp.

Segundo a reportagem da BBC Brasil, as Ebais têm sido a primeira linha de resposta à pandemia na Costa Rica e é um dos fatores que permitiram ao país ter a menor taxa de mortalidade por covid-19 na América Latina, dizem especialistas.

Os números de internação são baixos — na quarta-feira (29/04), o país contava 400 casos ativos e apenas 16 pacientes internados. Mais de 320 pessoas se recuperaram da doença.

“De 21 de março e até cerca de 10 dias atrás, os médicos vieram aqui pelo menos um dia sim e um dia não para acompanhar de perto o tratamento”, explica Henry, um dos pacientes com Covid-19 monitorados.

Villalobos também explicou que o sistema de saúde do país já foi muito fragmentado, mas as reformas nos anos 90 e 2000 criaram um esquema sólido que lhe permitiu responder a essa pandemia.

As Ebais têm mais de mil centros de saúde espalhadas pelo país, com médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e farmacêuticos. A ênfase foi na fase de detecção, crucial para conter infecções.

Em vez de pagar pensão para filha de militares, a Costa Rica investe mais de 6% do Produto Interno Bruto em Saúde.

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