Família, decência, ordem, líder, mito, violência, intervenção militar etc são falsos discursos comuns no Brasil pós-Golpe de 2016. Muitos políticos abraçaram o discurso fascista para se eleger no pandemônio criado pela Lava Jato, a pretexto de combater a corrupção. Os governadores Wilson Witzel e João Doria, do Rio e São Paulo, surfaram na onda.

Palácio Laranjeiras, no Parque Guinle (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Mas quando você defende o Estado como promotor da violência, em algum momento essa violência inevitavelmente vai se voltar contra você. Se for apoiar fascistas, esteja preparado para sempre dizer: Amém!

Se não, vale lembrar a Alemanha fascista. Após exterminar os adversários, os nazistas começaram a ver seus adversários dentro do próprio do ninho nazista. 

No Brasil, depois de todos os ataques ao governo Dilma, a Lula, eles atacaram os petistas, depois os esquerdistas, depois os democratas, que perderam espaço na política. Agora, os adversários são internos. Mas é uma história que se repete.

Entre 30 de junho e 1 de julho de 1934, no episódio conhecido como Pacto da Alemanha, um agrupamento nazistas promoveu uma onda de assassinatos dos próprios nazistas. Entre as vítimas, estava o ex-chefe da SA,  Ernest Röhm e vários integrantes do partido.

Mas o caso de Herbert Hentsch talvez tenha sido mais ilustrativo:

“Já passa das dez e meia da noite quando o jovem Herbert Hentsch, membro da SA de Dresden, na Saxônia, recebeu um telefonema. Três camaradas da organização chamaram-no para um encontro. O rapaz de 26 anos vestiu seu uniforme pardo (da SA nazista) e despediu-se de sua mãe, a viúva Klara Bochmann, prometendo não demorar. Ele não voltaria mais para casa. Seu corpo foi encontrado várias semanas depois daquela noite de 4 de novembro de 1932. Herntsch havia sido espancado e assassinado com um tiro no peito. Amarrado pelas pernas e enfiado num saco plástico cheio de pedras, seu corpo foi jogado numa represa” (p.265 de Cozinha Venenosa, veja link abaixo)