.Por Verônica Lazzeroni Del Cet.

O projeto ‘Alimentos para Todos’, que está em atividade em Campinas, surgiu como iniciativa de arrecadar alimentos para doação às famílias necessitadas. Inicialmente, Felipe de Oliveira José, 29, fundador e coordenador do projeto tinha a ideia de recolher as doações com amigos e colegas de trabalho, sem um escopo ainda definido sobre como realizaria as entregas e como encontraria as famílias carentes em Campinas.

(foto divulgação)

“Quando as doações chegaram, eu procurei as prefeituras de Campinas, Sumaré e Hortolândia, para saber quais projetos sociais que existiam nas cidades e assim conhecer onde estavam as dificuldades. Visitei dezenas de projetos, conheci as formas de atuação e quais eram suas necessidades”, conta o coordenador do ‘Alimento para Todos’.

A partir de uma visita a ONG ‘Cidade dos Meninos’, Felipe conheceu três famílias carentes que precisavam de cestas básicas e, assim, o ele reconheceu o início do seu projeto. Junto de sua atual esposa, Lilian Belo, e os amigos Raphael Rocha e Márcio Santana, a inciativa social passou a exercer suas atividades e visitas às famílias carentes. “Visitamos, ajudamos, ouvimos as histórias e o mix de realidades que nos encantaram, nesse dia vimos que era aquilo mesmo que gostaríamos de fazer”, diz o entrevistado.

(fotos divulgação)

Atualmente, o projeto conta a ajuda de diversos voluntários e parceiros. Várias mudanças já aconteceram, inclusive, sobre a forma como o projeto encontra todas as famílias necessitadas. “As primeiras visitas eram realizadas sempre com a participação da assistente social da ONG que nos indicava as famílias, até que com a criação das redes sociais, famílias começaram a nos procurar diretamente e começamos a desenvolver essa capacidade de conduzir as visitas apenas com integrantes do projeto.”, comenta Felipe de Oliveira José.

O entrevistado ainda ressalta que, hoje em dia, 95% do contato com o projeto ‘Alimento para Todos’ se dá diretamente entre a família carente e a iniciativa.

O projeto atende diversas regiões da cidade de Campinas, sendo que a maior concentração de doações acontece na periferia da cidade. “O projeto atua em toda região metropolitana de Campinas, mas com certeza mais de 50% das famílias que atendemos está concentrada principalmente nas periferias de Campinas. Bairros como Campo Belo, Jardim Aeroporto, São Domingos, Bassoli, Oziel e Satélite Iris”, explica o fundador da inciativa.

(foto divulgação)

Felipe ainda ressalta que a iniciativa ‘Alimento para Todos’ não define quais famílias podem ou não receber o auxílio, já que o projeto busca atender a todos que precisam e solicitam ajuda. “Não definimos quem recebe a ajuda, todas as famílias que nos pedem são atendidas, porém devido a nosso modelo de visitas, conseguimos definir aquelas que não possuem uma necessidade de retorno, ou aquelas que com certeza precisarão de um acompanhamento maior, em longo prazo”, comenta o entrevistado.

O projeto reconhece que a realidade da fome e da necessidade de tais famílias está, muitas vezes, longe de ser tranquila. “Infelizmente isso está distante de acontecer, então, é conseguir se capacitar cada dia mais para aumentar nosso número de doações e voluntários, e assim conseguir atender com qualidade a totalidade de famílias que nos procuram”, explica Felipe. Ele ainda ressalta que o projeto estuda encontrar um local físico para facilitar a retirada de cestas para doações pelos voluntários, além do desejo de permanecer levando conforto e solidariedade para todos que precisam. “Conseguir tocar as pessoas com o nosso propósito, conscientizar, criar empreendedores sociais, mobilizar a sociedade como um todo no sentido de entender a necessidade do nosso próximo”, complementa ele.

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Com a nova realidade social e de saúde pública nacional, o projeto ‘Alimento para Todos’ precisou estudar formas diferentes para atender a população carente, visto que os pedidos por auxílio não diminuíram, pelo contrário, aumentaram drasticamente no último mês. “Aumentou em até oito vezes os pedidos emergenciais se comparado a períodos de maior procura. Saltamos de 90 famílias solicitando ajuda para mais de 700 só em março”, explica o fundador e coordenador.

Todas as atividades realizadas pelos voluntários precisaram mudar também, diante das exigências sanitárias em combate ao Covid-19. “Diminuímos nossos voluntários ativos. Alguns em situação de risco, ou com famílias de grupo de risco que não podem ser expostos, não estão podendo realizar visitas. Passamos a atender as famílias com máscaras e luvas, fazemos a higienização das cestas e alimentos e nossa relação de entrar nas casas, conversar e se relacionar tem sido um pouco abreviada. Estamos focando nas entregas mesmo”, comenta.

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A ajuda também recebeu reforço de mercados e outros projetos sociais que passaram a distribuir as cestas, atendendo aos pedidos. “Fizemos duas parcerias, o ‘Projeto Tive Fome’ está doando cestas básicas através de um distribuidor, então, esse distribuidor irá entregar as cestas direto nos lares, com isso sanamos as necessidades e evitamos o contato”, explica Felipe.

Nas regiões da periferia, onde mercados não realizam entregas, nem distribuidoras, o ‘Projeto Melhora Campinas’ passou a colaborar com a iniciativa, sempre respeitando todos os cuidados necessários para o manuseio das cestas e para o contato com as famílias.

No entanto, não apenas alimentos serão o foco da distribuição do ‘Alimento para Todos’, durante a epidemia do Covid-19 no Brasil. A inciativa também quer reforçar o cuidado com a higiene pessoal de famílias carentes. “Iremos distribuir vários kits de sabonete e álcool em gel na região do Campo Belo, além de estar doando nas cestas sabão e sabonetes pra que as famílias possam tomar seus cuidados e proteger suas respectivas famílias.”, comentou Felipe de Oliveira José, reforçando sobre a relevância de ensinar sobre medidas de precaução e higiene às famílias.

Mesmo diante da crise, a fome não para. O objetivo do projeto está sempre sendo reforçado, ainda mais em tempos de dificuldade econômica e mudanças para todos. “É natural recebermos mais doações no fim de ano, ou em épocas de crise, mas nosso trabalho é diário, portanto, estamos sempre precisando de doações a todo o momento e sempre tocando nesse assunto, seja pessoalmente, ou através das redes sociais.”, fala o entrevistado.

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As doações sempre chegam por meio de pedidos em redes sociais, porém, campanhas em mercados, academias e outros pontos de grande circulação de pessoas também acontecem. “Nossa maior luta é conscientizar as pessoas que a fome não é sazonal”, diz Felipe.

As conquistas são sempre reconhecidas por todos da iniciativa. Elas chegam de forma inesperada ou por meio de mensagens de famílias que agradecem e relatam não mais precisarem da ajuda. “Acho que podemos classificar como conquista quando não só conseguimos suprir uma família com os alimentos, mas quando ela deixa de precisar e nos comunica. Quando entregamos um currículo e ela consegue um emprego, quando passamos a informação de um direito, ou um telefone, e ela consegue algum benefício que era direito dela”, explica o fundador do ‘Alimento para Todos’.

Caso queira conhecer mais sobre o Projeto Alimento para Todos e realizar a sua doação, entre em contato:

Os itens das cestas básicas são:

Arroz, feijão, macarrão, açúcar, leite, enlatados (milho, ervilha, sardinha), farinha de trigo, fubá, sal, café, extrato de tomate, óleo, bolachas, agregados (gelatina, massa para bolo etc.), sabonete, pasta de dente e demais produtos de higiene.