Se a pandemia de coronavírus não ceder no Brasil, o comércio vai entrar em colapso. É o que prevê o presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), Tito Bessa Junior. O governo Bolsonaro não se preparou para a epidemia, demorou para agir e o próprio Bolsonaro desdenhou e agiu contra as recomendações do Ministério da Saúde, colocando em risco a vida da população.

(foto ablos -div- via-rba)

Agora os lojistas já temem uma situação trágica. Para Tito Bessa Juinor, o governo e os bancos têm que ajudar os pequenos comerciantes. “Vamos ficar praticamente com zero de receita em 60 dias”, prevê

Nesse cenário, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), recomendou nesta quarta-feira (18) o fechamento de shoppings e academias na região metropolitana de São Paulo, a partir de segunda-feira (23). Doria recuou da decisão anterior, que era uma “determinação”.

Para Bessa Junior, o fechamento dos shoppings não deve alterar o cenário de crise muito preocupante que atinge o setor. “Para nós, fechar os shoppings já era uma medida até esperada. Não existia fluxo, as pessoas estavam indo trabalhar para nada, para não atender ninguém.”

O empresário, fundador da rede de moda TNG, espera que o governo garanta o emprego no segmento e os grandes empreendedores de shopping deixem de se “esquivar” em relação aos menores lojistas. “E os bancos têm que liberar crédito sem muita burocracia.”

Na opinião do economista Emilio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo, uma imposição ou determinação do governo de fechar os shoppings seria muito “abrupta”, mas a “recomendação” é aceitável. “A saúde é direito à vida, mas, por outro lado, se você pede para as pessoas não se deslocarem, você está impactando o direito de ir e vir. Tem que equilibrar as coisas. Como ele voltou atrás, como recomendação me parece aceitável.”

Recessão

Como decorrência dos efeitos do coronavírus, economistas do Goldman Sachs – considerado por muitos como o banco de investimento mais poderoso do mundo – reduziram a previsão de crescimento no Brasil para um cenário recessivo, de – 0,9%. Há duas semanas, a previsão da instituição era de + 1,5%. De acordo com os especialistas, a economia latino-americana deve se reduzir em 1,2% em 2020, em comparação com a previsão anterior, de crescimento de 1,1%.

Há 15 dias, o Goldman Sachs já havia rebaixado o crescimento da economia brasileira de 2020, de 2,2% para 1,5%. A previsão para o México, que era de + 0,6%, caiu para -1,6%.

Suspensão de metas

Em entrevista coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o “estado de calamidade pública” no país permitirá a suspensão das metas de resultado primário. “Estão suspensas as metas de resultado primário deste ano”, disse. “Temos espaço para fazer o esforço contracíclico.”

No entanto, o governo o governo sequer sinaliza para a principal reivindicação dos economistas progressistas do país: a revogação da Emenda Constitucional 95, que impõe teto de gastos públicos.

Como medida para combater a crise provocada pelo coronavírus, o governo vai permitir que as empresas cortem a jornada e salários de trabalhadores pela metade. “Muito mais grave, diante de uma crise dessa, é a pessoa perder o emprego e sobreviver sem salário”, justificou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.

O governo também vai “liberar” benefício de até R$ 200 para trabalhadores informais e autônomos que não tenham registro em carteira e também não recebam benefícios como Benefício de Prestação Continuada (BPC), aposentadoria, pensão, Bolsa Família ou seguro-desemprego. (Eduardo Maretti- RBA/Carta Campinas)