Algo semelhante ao que está acontecendo no Brasil ocorreu na Itália antes da explosão de casos da pandemia de coronavírus. Uma reportagem de Lorena Pacho para o jornal ElPaís, feita no dia 28 de fevereiro, há um mês, mostra que antes da explosão de casos de coronavírus, houve um conflito entre o governo central, Roma, com prefeitos e governos regionais.

(foto anpas – fp)

Quando havia 650 infectados e 17 mortos, o governo central, assim como no Brasil, tentou impedir o confinamento social para não prejudicar a economia.

Segundo a reportagem, o governo começou a se empenhar para neutralizar o impacto econômico da epidemia nas áreas que são motores econômicos do país, principalmente pelo turismo.

O que ocorreu na Itália é praticamente igual ao que acontece no Brasil, mas lá estava ainda no começo do problema. Veja trecho da reportagem:

“Nestes últimos dias, a escassa coordenação inicial entre as instituições e inclusive alguns enfrentamentos entre as regiões e o Governo central deixaram a impressão de certo caos generalizado na gestão inicial da crise.

Prefeitos e governos regionais baixaram uma série de regulamentos que foram depois corrigidos ou revogados por ordem de Roma. Por exemplo, algumas regiões sem contagiados, como Marche, decretaram o fechamento preventivo das escolas e proibiram aglomerações públicas. O primeiro-ministro Giuseppe Conte ameaçou contestar a normativa, já que “contribuía para gerar o caos”, e um tribunal acabou por suspendê-la. Na Lombardia, inicialmente os bares foram proibidos de abrir à noite, uma medida que foi revogada dois dias depois”, anotou.

O Governo central da Itália, assim como o governo Bolsonaro faz no Brasil, apostou numa mudança radical de estratégia na gestão desta crise de saúde pública, para tentar conter o alarmismo e preservar a economia que já vinha cambaleando, assim como a brasileira nas mãos de Paulo Guedes.

Por exemplo, o ministro de Relações Exteriores, Luigi di Maio, lamentou que alguns países, como Israel e Rússia, tenham recomendado seus cidadãos a não viajarem à Itália (outros, como a Espanha, desaconselharam apenas viagens ao norte) e garantiu que o país é um lugar seguro.  Hoje a Itália tem cerca de 7 mil mortos e a Espanha tem uma epidemia crescente.

“Nossos filhos vão à escola na maioria das nossas cidades, e os turistas e investidores podem vir com tranquilidade”, afirmou o ministro, assim como Bolsonaro.

Veja reportagem do ElPaís de 28 de fevereiro.