Em São Paulo – De 13 de dezembro de 2019 a 12 de abril de 2020, fica em cartaz no MASP, Museu de Arte de São Paulo, a exposição “Leonor Antunes: vazios, intervalos e juntas”.

Obra de Leonor Antunes

Definidas pela própria artista como “esculturas criadas no espaço”, os trabalhos de Leonor Antunes (Lisboa, Portugal, 1973) estabelecem relações entre a escultura, a arquitetura, o design, a luz, e o corpo — do espectador que trafega pela galeria ou do ambiente que a artista ocupa. Antunes dedica atenção especial aos materiais que emprega, frequentemente naturais ou orgânicos, bem como à ação do tempo e do uso sobre eles, sublinhando traços e tramas, técnicas e texturas.

Uma das características mais marcantes de sua prática é o interesse por produções de algumas artistas, arquitetas e designers do século 20, sobre as quais ela investiga e nas quais se inspira. Ela assim constrói um verdadeiro arquivo de referências, composto sobretudo por pioneiras mulheres modernistas que muitas vezes foram deixadas de lado nas grandes narrativas da história da arte e que surgem como
personagens na obra de Antunes: Anni Albers, Charlotte Perriand, Clara Porset, Egle Trincanato, Eileen Grey, Eva Hesse, Franca Helg, Gego, Lina Bo Bardi, Lygia Clark e Ruth Asawa, entre outras.

Nesse arquivo, Bo Bardi, a arquiteta do edifício do MASP, ocupa uma posição central, e este é o ponto de partida do projeto desta mostra, que se estende também para a Casa de Vidro, icônica residência da arquiteta no Morumbi. Outras personagens passam também por aqui — Porset, Clark e Franco Albini, que foi uma importante referência para Bo Bardi. O título da exposição é uma alusão a seus espaços e à atenção da arquiteta para os “vazios, intervalos e juntas”.

Para além deles, dois motivos condutores na mostra são a verticalidade e a transparência. Assim, no trabalho villa neufer, uma escultura é feita a partir de uma escada de Albini. Caipiras, capiau, pau a pique remete a elementos usados na famosa mostra de mesmo nome organizada por Bo Bardi no Sesc Pompeia em 1980. No piso da galeria do MASP, um trabalho toma emprestada a composição geométrica de uma pintura de Clark (Superfície modulada, 1952), ampliada numa escala arquitetônica que permite uma participação ativa do espectador sobre a obra, antecipando um caminho que Clark trilharia na década seguinte, com a participação do espectador em seus famosos Bichos. Já a grelha de madeira no teto, inspirada em um detalhe da casa de Porset na Cidade do México, ocupa dois nichos de concreto da galeria, mesclando dois personagens: Porset e Bo Bardi. O jogo de transparências é articulado através da rede que cobre a galeria, bem como o vidro que divide o exterior do interior do edifício.

Vazios, intervalos e juntas conecta e presentifica diferentes personagens em um só espaço; aqui, a interação entre arte e arquitetura valoriza saberes de outros tempos, técnicas e linguagens, sejam eles industriais ou artesanais, autorais ou anônimos. 

A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP e Amanda Carneiro, curadora assitente, MASP. (Carta Campinas com informações de divulgação)