Nos dias 14 e 15 dezembro, às 19h, estreia no CIS – Guanabara o espetáculo “Parque Floresta”, nova montagem da Cia. Corpo Santo com direção de Douglas Chaves.

(Foto: Jurssa Santos)

O espetáculo é resultado de um dos projetos em parceria com o Cis Guanabara, no qual a companhia abre as suas portas para receber artistas da região e possibilita a participação destes no processo criativo do grupo.

A temática central do Parque Floresta é o homem gay. Por meio de relatos ficcionais ou não, o espectador entrará em contato com a história desse parque e das pessoas que o frequentam.

Como sempre na história da humanidade, a sociedade tem passado por transformações constantes. Foram feitos muitos progressos nas últimas décadas no que tange à participação das minorias em ações de cidadania, porém, em contrapartida, é necessário apontarmos que nos últimos tempos, há um ressurgimento de tendências conservadoras.

Foi através dessa percepção que surgiu a vontade de falar sobre o homem gay e suas histórias; sua essência individual e coletiva; sua humanidade.

O foco no homem gay está relacionado com as vontades do grupo. “Desde sempre, trazemos temas diversos às nossas peças; ora de forma poética, ora de forma mais explícita, porém, a imagem humana com todas as suas facetas e possibilidades sempre foram as inspirações para as nossas pesquisas e formação dos espetáculos. O tema homossexualidade, uma vez que é parte da humanidade, também apareceu em nossas produções. No entanto, dessa vez, optamos por fazer o caminho inverso. Ao invés de o homem gay ser uma temática aparente, agora ele é o foco, e a sua humanidade é esmiuçada por entre a peça”, dizem.

Nesse sentido, o Parque Floresta se torna uma alegoria que representa esses homens e as suas vontades. O parque é o local em que as personagens se sentem livres para serem aquilo que a sociedade reprime.

O espetáculo também possui uma geografia própria que está relacionada ao Parque Floresta e as pessoas que contam as histórias. Tal geografia pode se relacionar com as diferentes funções que cada local possui, com as personagens que estão ligados à esses locais e até mesmo pode ser uma figuração do nosso país e as suas regionalidades.

Parque Floresta inova ao humanizar personagens que muitas vezes se tornam marginalizadas. Fala de pessoas que são rotuladas constantemente, mas que na verdade carregam histórias, medos, vontades e inseguranças que são comuns a todos os seres humanos. 

Um grupo de teatro é feito de carne, gente e ideias

Mesmo sem tantos recursos, a Cia Corpo Santo continua seu trabalho de sobrevivência usando o teatro como mecanismo comunicador.

Em mais uma tentativa alegórica de existência, esse grupo de teatro, em seu décimo terceiro ano de atividade, ressurge em 2019 no intuito de recriar pontes que estabeleçam contato com seu público, principalmente àqueles que valorizam o teatro em sua essência, entendendo que através da arte poderemos mudar alguma coisa em nossa sociedade. Desafio perturbador para os fazedores de arte desse país, tão machucados pela ignorância de pessoas que desejam que nos calemos diante do desmonte cultural que assola nosso cotidiano.

O Parque Floresta reflete nossas angústias de uma camada da sociedade que vem durante anos se escondendo e sofrendo ataques daqueles que se acham no direito de interferir na liberdade alheia. É um grito desesperado de se fazer ouvir, de se fazer entender.

Não há nenhum romance ao dizer essas palavras, pelo contrário, há um desalento e melancolia em tentar transmitir ao espectador o que tanto temos a clamar.

Falar sobre algo tão latente em dias sombrios é um desafio e tanto, um resgate de nossa coragem tão fragilizada. Porém, nos vimos na necessidade de insistir em falar sobre esses tempos, fugir disso seria um erro com a história dessa trupe de artistas que sempre ousaram em trazer até o público o que há de mais obscuro nas relações humanas.

As pessoas escolhidas para esse projeto querem conversar, desejam permitir que esse desassossego seja levado em consideração, dando espaço a reflexão e conscientização de certos assuntos tratados nesse experimento. É um prazer poder contar com pessoas tão cheias de ideias, vontades, consciência e envolvimento. Desde o início do projeto, isso ainda em 2018, quando discutíamos sobre a importância desse trabalho dentro da companhia, pensávamos em transformar nossos encontros em um espaço de acolhimento, acolhimento do indivíduo com suas histórias de vida, resultando e inspirando o universo criado por nós, acho que cumprimos esse objetivo inicial e isso poderá ser visto em cena, com a união desses integrantes entregues ao palco.

O nosso parque representa o Brasil, com suas rachaduras e emendas, representa o holocausto de uma gente silenciada. É a representação poética de uma realidade dura, onde a palavra será o fio condutor de tudo que iremos retratar. Prestar atenção nisso será um objetivo entregue aos espectadores, ouvir o que queremos dizer.

O que será apresentado aqui hoje é apenas a parcela mínima de uma margem que está na luta para se fazer presente. Esse espetáculo é dedicado à todos e todx, feito com muito respeito por nós”. (Douglas Chaves)

Sinopse: Parque Floresta retrata as histórias de Renato, um homem gay assassinado dentro do Parque.  São oito histórias e oito lugares. Por meio de relatos fictícios ou verdadeiros, o elenco formado também por homens gays, dá vida à Renato apresentando ao público os seus medos, desejos, tristezas, alegrias e experiências. Nesse sentido, o Parque tem forte ligação com Renato, fazendo assim com que os dois sejam apresentados e revelados por entre a peça.

Criadores

Alex Oliveira

Bruno Cardoso

Douglas Chaves

Gabriel Bandini

Jefferson Artur

Jefferson Leardini

Luis Binotti

Peterson Ricardo

Participações Especiais:

Elaine Ávila

Vitor Placca (voz em off)

Ficha Técnica:

Direção: Douglas Chaves

Textos de divulgação: Luis Binotti e Jefferson Leardini

Sonoplastia: Douglas Chaves

Luz: Douglas Chaves

Identidade Visual (cartaz, programas, vídeo e web): Bruno Cardoso

Capitação de imagens: Lucas Januário

Op. De som e Luz: Lucas Januário

Assistência técnica: Lucas Januário

Produção: Cia. Corpo Santo

Apoio: Cis Guanabara

Parque Floresta

Datas: 14 e 15 Dezembro – 19h

Local: CIS – Guanabara

Rua Mario de Siqueira, 830 – Botafogo – Campinas/SP

Ingresso: No chapéu (o espectador escolhe um valor ao final do espetáculo).

Limite de público: 40 lugares, chegar com 1h de antecedência, senha por ordem de chegada ou reserva antecipada pelas redes sociais do grupo: @ciacorposanto (Instagram e Facebook).