Neste sábado (2), o presidente Jair Bolsonaro disse que pegou a gravação das ligações da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde tem uma casa, durante ida a uma concessionária em Brasília para a compra de uma motocicleta.

(foto fernando frazão – ag brasil)

“Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha”, disse ele, de acordo com o G1.

A polícia já sabe que os assassinos de Marielle saíram para cometer o crime de dentro do condomínio de Bolsonaro. As gravações do dia do crime são uma prova importante para a investigação.

“Moro vazou para a Globo conversa da presidenta da República sob argumento de que ela iria obstruir a Justiça ao nomear Lula ministro. Esse crime de Moro foi decisivo para o golpe de 2016. Bolsonaro confessou publicamente que recolheu material sob investigação. E agora, Sergio Moro?”, questionou no Twitter o líder do PT na Câmara, deputado federal Paulo Pimenta (RS).

Também no Twitter, o ex-presidenciável e ex-prefeito de São Paulo divulgou a notícia relativa à declaração de Bolsonaro e foi taxativo: “Isso é crime”, postou. “Da série o Brasil não é para principiantes: Dilma, rainha da corrupção para os bolsonaristas, sancionou lá em 2013 lei que tipificara obstrução de justiça (p.ex. pegar uma gravação num condomínio). Advinha qual partido questionou a constitucionalidade desse crime no STF? O PSL”, postou o professor da FGV Direito SP Thiago Amparo.

A deputada federal Fernanda Mechionna (RS) também contestou a declaração do presidente. “Bolsonaro confessa que se apropriou de provas sem autorização judicial! Como pode ter acesso à gravação em uma investigação em que seu nome foi citado? Nova perícia, em todo equipamento de telefonia da portaria, é fundamental para esclarecer a verdade!”, afirmou.

Nessa sexta-feira (1º), o Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado do Rio de Janeiro (Sindperj) emitiu nota oficial sobre o caso Marielle, afirmando que “a Perícia Técnica Oficial não foi acionada para periciar a mídia apreendida no condomínio Vivendas da Barra”.

“Lamentamos que um evento de grande importância criminal para o país, que envolveu até o Presidente da República, venha a ser apresentado sem o devido processo de comprovação científica. Uma prova técnica robusta e incontestável só pode ser produzida com respeito à cadeia de custódia e com a devida Perícia Oficial da mídia original e do equipamento original no qual foi gravada”, diz o texto. (RBA)