Em São Paulo – O espetáculo “O Que Mantém Um Homem Vivo?”, feito a partir de diversos textos de Bertolt Brecht, fica em cartaz no Sesc Consolação até o dia 15 de dezembro.

(Foto: Luísa Bonin)

O que mantém um homem vivo? é uma nova montagem de roteiro elaborado por Renato Borghi e Estér Góes a partir de textos de Bertolt Brecht, com canções de Kurt Weil, Hans Eisler, Paul Dessau e Jards Macalé. Lançada em 1973 pelo Teatro Vivo, companhia que Borghi fundou com Góes à época de sua saída do Teatro Oficina, a peça logo se tornou referência por sua postura crítica em relação ao autoritarismo e aos seus efeitos sobre o indivíduo e a sociedade. Bondade, Ciência, Justiça, Amor e outros valores caros à humanidade são dissecados sob o olhar dialético e humor cáustico de Brecht. Afinal, o que mantém um homem vivo? Brecht pergunta, mas também responde: “Um homem é um homem e ele é muito difícil de destruir”.

A exemplo de O Rei da Vela e Galileu Galilei (ambos estrelados por Renato Borghi) marcaram os anos 60 como obras que desafiaram a nova ordem ditatorial nascida com o golpe de 1964, O que mantém um homem vivo? teve protagonismo semelhante no início da década seguinte, período de censura e repressão violentas. Milhares de espectadores, entre eles, parte considerável da comunidade estudantil, lotaram salas teatrais, centros acadêmicos, quadras de esportes, em todo o país, de 1973 a 1975 (duração da primeira temporada nacional da peça), para comungar, junto aos atores, das reflexões de Brecht sobre a natureza do homem e as suas contradições sociais, fundamentos temáticos da dramaturgia da criação. O Teatro era o grande fórum, a praça pública onde o debate de ideias e a diversão não se excluíam mutuamente, pelo contrário, se reforçavam.

Em 1982, às vésperas da redemocratização, O que mantém um homem vivo? foi remontada, desta vez, sob direção de Elias Andreato e Márcio Aurélio (a primeira montagem havia sido dirigida pelo próprio Borghi, com a codireção de José Antônio de Souza). No elenco, Renato e Estér mantiveram a parceria de sucesso da versão original. Os ventos de abertura que já sopravam sobre o país trouxeram novos significados às questões elaboradas pela peça.

Em 2019, O que mantém um homem vivo? se impõe, uma vez mais, como voz crítica e ato de resistência criativa diante de um quadro preocupante de ataques a valores democráticos, ameaça de retrocessos no campo dos direitos humanos e das liberdades civis. Atento ao momento que o Brasil atravessa, o Teatro Promíscuo, companhia fundada por Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas em 1993, buscou em seus arquivos o roteiro original da peça, datilografado em meados dos anos de chumbo. Como era de se esperar, a obra segue viva e pertinente.

Os ingressos variam de R$ 12 a R$ 40 e podem ser adquiridos nas Unidades ou pelo Portal do Sesc. (Carta Campinas com informações de divulgação)

FICHA TÉCNICA

Textos: Bertolt Brecht
Roteiro e Adaptação: Renato Borghi e Estér Góes
Direção: Renato Borghi
Elenco: Renato Borghi, Elcio Nogueira Seixas e Georgette Fadel
Codireção: Elcio Nogueira Seixas e Georgette Fadel
Supervisão Cênica: Diego Fortes
Direção de Arte: Daniela Thomas
Iluminação: Beto Bruel
Músicas: Kurt Weil, Hans Eisler, Paul Dessau e Jards Macalé
Direção Musical: Gilson Fukushima
Figurino: Cássio Brasil
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro (Ofício das Letras) 
Gerenciamento de Mídias Sociais: Luísa Bonin (PLATEA Comunicação e Arte)
Direção de Produção: Pedro de Freitas (Périplo Produções)
Criação da Teatro Promíscuo (Renato Borghi Produções Artísticas)

Local: Teatro Anchieta