.Por Alexandre Padilha.

Esta semana, o governo Bolsonaro realizou um megaleilão do pré-sal, o maior da história. Foram colocadas à venda um conjunto de áreas descobertas de pré-sal. Uma notícia triste para o futuro do país. 

(imagem ilustrativa – petrobras – tofo de tela)

Em primeiro lugar, esse leilão significa entregarmos essas áreas para exploração e largar nossa riqueza para a sanha e desejo de petroleiras internacionais, que querem apenas o lucro disso o mais rápido possível, sem preocupação com o país.

Mais do que isso, essa a decisão também significa que, a petroleira que ganhe essa área para a exploração, não tenha mais obrigação de destinar parte dos recursos explorados para saúde, educação e ciência e tecnologia, como prevíamos com aprovação do marco regulatório do pré-sal.

Sabemos a penúria que vive a saúde pública no país, as dificuldades que os governos federal, estadual e e municipal tem em poder construir e administrar o SUS com pouco mais de R$ 1 mil per capita para a população por ano. Duvido que o ministro Paulo Guedes pague mil reais por mês em seu plano de saúde. 

Um alento para a saúde pública deste país era exatamente a possibilidade dos recursos do pré-sal serem destinados ao SUS. Como também era um grande fôlego para a educação, valorizando os salários dos professores e professoras, mantendo as universidades públicas. Nosso tesouro mineral deveria se transformar em riqueza humana.

Essa possibilidade foi extinta. Mas há uma notícia a se acrescentar: o governo federal imaginava arrecadar pelo menos R$ 100 bilhões com esse leilão, e ele foi um fracasso, porque ninguém tem confiança no Brasil de Bolsonaro. 

Os atores econômicos não têm confiança em um governo que a cada dia cria guerras e disputas políticas. Não há empresas mundiais que confiem em Bolsonaro e na segurança jurídica e econômica do país.

O leilão só não se encerrou com R$ 0 porque o consórcio feito pela nossa Petrobras arrecadou cerca de 70% das áreas e foi obrigada a gastar R$ 60 bilhões para comprar uma área que já era dela no marco regulatório do pré-sal. Em um dia, desfalcaram a Petrobras em valor maior do que o estimado pela corrupção da Lava Jato.

Bolsonaro não traz credibilidade e afugenta investidores internacionais.

*Alexandre Padilha é Médico, professor universitário e deputado federal eleito pelo PT-SP. Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad.