O Subsolo – Laboratório de Arte encerra 2019 com duas exposições inéditas. “Walking through the shadows eyes open” (Caminhando pelas sombras de olhos abertos) vem diretamente da Escócia e conta com obras de seis artistas. A segunda traz o grupo Antropoantro, formado por sete artistas residentes em Campinas, com “Museu do Vazio – sombras e outros vazios”.

Walking Through the Shadows Eyes Open (Foto: Sekai Machache)

Em um espaço físico ampliado na rua Proença, nº 1000, o Subsolo abre as mostras no dia 28 de novembro (quinta-feira), às 19h, com obras de arte que provocam reflexão e discussão de temas em torno das “sombras” que habitam este mundo, interferem nas relações, e os espaços vazios, como sugerem os títulos das exposições. Na ocasião, o público terá oportunidade de ter contato com os artistas que estarão presentes na abertura.  

“Walking through the shadows eyes open” ou “Caminhando pelas sombras de olhos abertos” apresenta obras de Alberta Whittle e Sekai Machache, também co-curadoras da mostra, e de Ashanti Harris, Sabrina Henry, Thulani Rachia e Adebulsola Ramsay. Eles são escoceses ou residem na Escócia, mas têm em comum a ascendência africana.

Para esses artistas, o mundo atual está constantemente conectado, misturado, mas ao mesmo tempo é “sombreado” por histórias globais que são assombradas por legados de exploração, colonialismo, expansão capitalista, imigração, mobilidade laboral e turismo. Essa observação oferece a eles a argamassa para desenvolver seus projetos, então eles se indagam sobre como curar as “fraturas” históricas.

Cada um dos artistas tem seus próprios e compartilhados pontos de interesse em torno de casa, travessias de fronteiras, autoidentificação, isolamento, cura, conhecimentos ancestrais e sua conexão com a diáspora africana. Em suas reflexões a partir dessas questões, eles utilizam de diversas modalidades e linguagens provocando o espectador também a refletir sobre o tema. 

A vinda do grupo para o Brasil conta o apoio da British Council & Creative Scotland Partnership, que é uma organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais, que atua em seis continentes e em mais de 100 países. Nas artes, o compromisso é o de mostrar ao mundo a diversificada riqueza de artes e talentos culturais escoceses, promovendo parcerias e colaboração com o público internacional possibilitando intercâmbio artístico.

Esta não será a primeira vez que Whittle expõe no Subsolo. Em junho passado, a artista apresentou sua obra “Entre sussurros e gritos”, um vídeo, em que também fazia uma reflexão sobre a sobrevivência, a resistência, a natureza, a violência colonial e o poder coletivo de cura, tudo sempre relacionado aos traumas históricos decorrentes da escravidão dos negros. Naquela ocasião, ela enviou sua obra de arte, mas dessa vez ela estará presente na abertura, assim como o restante do grupo.

“Caminhando pelas sombras de olhos abertos” chega a Campinas justamente no mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra.

Antropoantro

Obra de Lalau Mairynk (Foto: Danilo Garcia)

Beth Schneider, Inês Fernandez, Lalau Mayrink, Olívia Niemeyer, Sílvia Matos, Tina Gonçalez e Vane Barini formam o grupo Antropoanto que, nesta exposição, faz uma reflexão sobre a sombra.

Utilizando do desenho, da escultura, da fotografia e de vídeos, as artistas visuais fazem uma reflexão sobre a sombra – aquela região do espaço que não recebe luz direta da fonte.  Ou ainda, da falta de sombra em decorrência da poda ou derrubada de árvores, abordando nesse aspecto as questões ambientais. Em 2018, o grupo realizou uma ação artística urbana ao desenhar árvores no asfalto indicando onde havia ocorrido uma poda que acabou com a sombra.

Nesta exposição, o grupo retoma o Museu do Vazio, lançado em 2008 durante o Encontro Regional de Museus de Campinas, e que tem um acervo virtual. Segundo as integrantes do Antropoantro, este museu está ao mesmo tempo cheio e vazio. Ou melhor, cheio de vazios. Elas justificam que, “como toda arte, todo texto, qualquer imagem ou um museu permanece sempre aberto, com espaços em branco de onde saltam interpretações inusitadas, instigantes ou mesmo irrelevantes, irônicas ou irritantes”. A partir dessas afirmações, o grupo espera que os “visitantes preencham esses espaços vazios com suplementos, como fazem os dicionários que acolhem novos verbetes toda vez que a língua recebe novas palavras ou novos significados”, explicam.

Em 1999, um grupo de artistas se reuniu para participar de seminários conduzidos por Carlos Farjado, no Ateliê de Criatividade de Sílvia Matos e a partir daí se consolidou e fez sua primeira exposição, Gradeação, em 2000. Mais tarde, em 2002, realizou a mostra Kairós, quando passou a se denominar Antropoantro. De lá para cá, permanece na cena artística de Campinas, seja em grupo ou por meio de exposições individuais de suas integrantes.

Obra de Olivia Niemeyer (Foto: Danilo Garcia)

Ampliação do espaço cultural

O Subsolo – Laboratório de Arte é um espaço cultural, inaugurado em janeiro de 2018 pelo produtor cultural Danilo Garcia e pelo curador e crítico de arte Andrés I. M. Hernández, ganha mais espaço físico a partir deste mês, possibilitando um maior número de eventos e atividades culturais.

Durante esse período de existência, foram realizadas cerca de 60 exposições, dando especial atenção aos artistas de Campinas e região. Mas também não faltaram representantes de outros estados e mesmo internacionais, como da Bolívia e do Paraguai, por exemplo, sem contar as várias mostras que foram realizadas fora do país por intermédio do Subsolo. No local, também são oferecidos workshops, cursos e leitura de portfólio. Dessa forma, o espaço cumpre o objetivo proposto por seus idealizadores que é o de fomentar a produção artística e valorizar a arte. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Abertura das exposições: “Walking through the shadows eyes open” e “Museu do Vazio – sombras e outros vazios”

Dia: 28 de novembro de 2019 (quinta-feira)

Horário: das 19h às 22h

Local: Subsolo – Laboratório de Arte, na Rua Proença, 1000 – Jardim Proença – Campinas (SP)

Visitação: de 29/11 a 28/12, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, com agendamento pelos telefones (11) 949-655-722 e (11) 982-590-966

Livre para todos os públicos

Entrada gratuita