Em São Paulo – Pode ser vista até o dia 27 de outubro, no Instituto Tomie Ohtake, a exposição “Mariana: Christian Cravo”, com curadoria de Adriana Cravo, que chega a São Paulo depois de passar por Salvador e Fortaleza.

(Foto: Christian Cravo)

Nesta segunda individual do fotógrafo baiano no Instituto Tomie Ohtake (a anterior foi Nos Jardins do Éden, em 2011), estão reunidas 26 fotografias impressas em fine art que retratam as memórias humanas de uma das maiores tragédias ambientais do país: o rompimento da barragem de Fundão, que vitimou fatalmente 19 pessoas e desabrigou centenas de famílias em Mariana – Minas Gerais, em 2015. “A escolha das imagens, assim como o título que cada uma delas recebeu, teve a intenção de gerar empatia e aproximar o público do cotidiano roubado das pessoas que ali viviam até o momento da tragédia”, explica a curadora.

Durante três dias, nos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, Cravo registrou os vestígios da destruição causada pela onda de mais de 2,5 metros de lama e rejeitos de minério que assolou a região. Objetos, roupas e calçados enlameados, retratos cobertos pelo barro e casas destroçadas testemunham a tragédia. Segundo Cravo, a sua tentativa foi trazer a esse trabalho uma memória iconográfica que o tempo congelou. “São objetos que pararam naquele instante em que a lama chegou. O momento eterno que representa o fim daquela sociedade”, resume.

Para Bené Fonteles (artista e coordenador do Movimento Artistas pela Natureza), em seu texto sobre as imagens, destaca que Cravo “não só dá testemunho à dor, mas a transcendência entre a beleza estética que pontua a tragédia e a arte que não pode prescindir do imenso de uma verdade poética… não são simplesmente fotografias destes rastros e restos… mas, a revelação do extraordinário quase místico de pedaços do que ficou oculto no íntimo das casas mineiras que pareciam esperar a eminente tragédia… não o registro do sinistro, mas um sentido vasto de abandono que no ‘oculto do mistério se escondeu’ (Caetano Veloso) …. retratos de uma Minas que não só dói, mas incomoda no roto retrato e dele vaza mais do que lama e do que caos… vaza do avesso uma imensa, triste, solidão…”.

A entrada é gratuita. Mais informações pelo SITE do Instituto Tomie Ohtake. (Carta Campinas com informações de divulgação)