Pode ser vista até o próximo dia 24 de setembro a exposição “Lugar algum, Lugar nenhum”, na galeria do Espaço Cultural Casa do Lago na Unicamp.

Com curadoria do Prof. Dr. Sergio Niculitcheff, professor efetivo das disciplinas de Pintura no Instituto de Artes da Unicamp e Coordenador do Gabinete de Estampas– Departamento de Desenhos e Gravuras da UNICAMP – a exposição apresenta a totalidade das 48 pranchas pertencentes ao álbum Cartografia Anímica, conjunto realizado na década de 80 pelo artista Wesley Duke Lee (1931-2010), fazendo um diálogo com a obra/instalação Esquizofonia – Hino das Nações Desunidas (2018) de Kauê Garcia – aluno de Pós-Graduação do Instituto de Artes.

São discutidos temas atuais sobre identidades nacionais, formas de colonialismo, de diáspora e questões presentes nas divisões territoriais, como disputas, conflitos e outras derivações da artificialidade do desenho das fronteiras. A experiência proposta ao observador põe em diálogo som e imagem para gerar reflexões.

O principal intuito desta mostra é dinamizar e tornar público parte da coleção pertencente ao acervo do Gabinete de Estampas – Departamento de Desenhos e Gravuras da Unicamp e dialogando com uma produção contemporânea. Com um rico conjunto de mais de 1.100 obras nas diversas técnicas de gravura; xilogravura, litografia, serigrafia e gravura em metal.

A exibição deste conjunto de obras pretende estabelecer uma articulação ao acervo, dando visibilidade tanto para a comunidade interna quanto externa à Unicamp.

Outras mostras com este significativo material estão sendo planejadas com o intuito principal de difundir e de tornar esta coleção um acervo vivo.

É feito um agradecimento especial ao artista e docente Márcio Périgo pela doação das obras de Wesley Duke Lee ao acervo do Gabinete de Estampas.

Segundo Érica Burini, participante do Gabinete de Estampas – Departamento de Desenhos e Gravuras da UNICAMP desde 2015, a obra gráfica do artista de vanguarda Wesley Duke Lee e a instalação sonora do artista contemporâneo Kauê Garcia coabitam simbioticamente. Som e imagem se integram em uma indagação estética sobre identidades nacionais, formas de colonialismo, de diáspora e questões presentes nas divisões territoriais, disputas, conflitos e outras derivações da artificialidade do desenho das fronteiras. Os artistas idealizam uma comunidade global a partir de suas vivências, tateiam a utopia, o lugar nenhum, a partir do lugar algum, a pátria que personificam.

As obras exibidas lidam com a ideia de ser cidadão no mundo, com barreiras e liberdades, com fronteiras e emancipações. Além da afinidade entre as discussões levantadas, possuem um pensamento poético irmanado. Operam através da apropriação e da justaposição, da composição pelo agrupamento, e ambas se dedicam a representações políticas simbólicas e formais de um país: os hinos e os mapas.

Fruto da distância temporal entre eles, e das transformações ocorridas na arte brasileira, as soluções às quais recorrem são muito distintas, cada uma delas em profunda conexão com seu tempo. Duke Lee usa cartas aeronáuticas dos anos de 1940, e cria uma mitologia pessoal com o uso de imagens publicitárias que são colocadas sobre nomes de lugares diversos, em uma nova geografia que aproxima lugares distantes, e sobre esta composição, interfere com carimbos e um desenho de pincel de movimento circular de uma cobra que envolve os mapas, o oroboro. O imaginário criado possui um movimento pendular entre o Individual e o Coletivo, ambiguidade do mesmo modo presente no trabalho de Garcia, que tensiona o poder de representação dos hinos.

No movimento livre dos visitantes pela instalação, são expostas, a princípio, as semelhanças sonoras entre os arranjos orquestrados, que seriam símbolos identitários. A escuta atenta revela as particularidades das composições. As vozes cantando em sua língua materna podem remeter a processos colonizadores, mas também ao desenvolvimento das línguas em cada país, produzindo um efeito flutuante entre a utopia de uma nação mundial, da dissolução dos patriotismos e fronteiras, e a reiteração da distância, das barreiras cultural, histórica, política, religiosa, e social, confusão que evoca Babel. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Exposição Lugar algum, Lugar nenhum

Período: 06/09/2019 a 24/09/2019

Visitação Gratuita, das 9h às 18h30