Um dos principais articuladores do golpe de 2016 era também coordenador da propina do PSDB, segundo aponta a nova revelação da Vaza Jato  “Ao negociar acordo de delação com a Lava Jato, a cúpula da empreiteira OAS descreveu o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira em papel central na coordenação de pagamentos de propinas para campanhas do PSDB, entre elas a do senador José Serra à Presidência da República, em 2010.

(Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Aloysio é citado em quatro capítulos como solicitante de repasses em troca de liberação de dinheiro de obras da prefeitura paulistana e do Governo de São Paulo para a empreiteira”, aponta reportagem de José Marques, Felipe Bachtold e Paula Bianchi, feita em parceria pela Folha e pelo Intercept.

“Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, menciona Aloysio sempre como a pessoa que solicita propina, seja para ele ou para Serra, nas campanhas de 2006 e 2010. Em 2006, Serra venceu a disputa ao Governo de São Paulo. Em 2010, disputou e perdeu a Presidência, e Aloysio se elegeu ao Senado.

Entre as obras ligadas ao PSDB de São Paulo que o empresário cita como alvo de suposto desvio estão a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, o túnel da Radial Leste, a rodovia Carvalho Pinto e a linha 4-amarela do Metrô.

A delação aponta que parte do dinheiro era entregue em espécie a indicados pelo ex-senador, que chefiou pastas das gestões Serra tanto na prefeitura (Secretaria de Governo) quanto na administração estadual (Casa Civil)”, apontam ainda os jornalistas.

O Intercept Brasil, em parceria com a Folha de S. Paulo, já havia revelado em 16 de agosto um trecho da delação de Leo Pinheiro, da OAS, que aparece nas mensagens de Telegram trocadas entre os procuradores da Lava Jato.

No arquivo revelado no mês passado, há o relato de pagamento de propina ao PSDB, por intermédio de Rodrigo Garcia, hoje vice do governador João Doria (PSDB). O negócio envolveu a obra da linha 4-amarela do Metrô de São Paulo.

Pinheiro relatou que, em 2007, houve uma discussão com o governo do Estado, então sob José Serra, para atualizar o contrato da obra em um valor adicional de R$ 180 milhões.

O governo do Estado só liberaria a compensação mediante o pagamento de R$ 5 milhões em propina pelo consórcio formado pela OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. Cada uma arcaria com R$ 1 milhão.

Leo Pinheiro disse ainda que o pagamento foi exigido pelo então secretário da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes. O delator acrescentou que liberou a quantia, em dinheiro, para Rodrigo Garcia.

O acerto da propina aconteceu na casa de José Amaro Pinto Ramos, um “conhecido interlocutor do PSDB” e suspeito de ser operador de tucanos, detalhou a Folha.

Braço direito de José Serra, Aloysio foi poupado nas investigações e uma das possíveis razões é o fato de ter adotado postura de total submissão aos interesses americanos quando foi chanceler de Michel Temer. O tucano teve papel decisivo no golpe de 2016, ao pedir ajuda dos Estados Unidos para a derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff. (Do 247/Carta Campinas)