O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, expressa a decadência e partidarização do Ministério Público Federal (MPF). Janot é da turma do MPF que julga a partir de convicções e opiniões. Em divulgação da revista Veja, ele afirmou que não tem “nenhuma dúvida de que Dilma não é corrupta”.

(José Cruz/Agência Brasil)

E deu mais opiniões: ele chamou o ex-presidente Lula de “corrupto” e afirmou que acreditava que ele era “um dos chefes de todo esse esquema”, sustentação defendida pela força-tarefa de Curitiba, usando apenas acusações de delatores, para prender o líder petista. Mas ao mencionar Dilma Rousseff, ele foi assertivo: “Não tenho nenhuma dúvida de que a Dilma não é corrupta”.

Mas ele defendeu, contudo, que a ex-presidente tenha responsabilidade em tentar obstruir a Justiça no processo envolvendo Lula. E condena a partir de suas próprias opiniões: “É impossível que o Lula não fosse um dos chefes de todo esse esquema. Não tenho dúvida de que ele é corrupto. Da mesma forma que não tenho nenhuma dúvida de que a Dilma não é corrupta. Mas ela tentou atrapalhar as investigações com a história de nomear o Lula como ministro da Casa Civil. A obstrução de Justiça aconteceu, tanto que eu a denunciei.”

Veja a continuação da reportagem do GGN:

Mas foi Rodrigo Janot quem apresentou uma denúncia, em setembro de 2017, contra o que ele chamou de “quadrilhão”, incluindo Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff. A peça assinada por Janot e que foi aceita pela 10ª Vara Federal em Brasília em novembro do ano passado afirma que os dois ex-mandatários teriam tido participação em um esquema de coleta de propinas de R$ 1,48 bilhão, entre 2002 e 2016.Leia também:  Criminalistas do RJ criticam ações contra Bezerra e desembargador Darlan

A denúncia sustentava que o esquema teria existido por vantagens supostamente ilícitas em contratos da Petrobras, do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) e do Ministério do Planejamento nos governos dos dois ex-presidentes e que aponta que se Lula era o “idealizador” da suposta organização criminosa, inclusive no planejamento do sistema de arrecadação de propinas, Dilma integrou o “quadrilhão” ainda em 2003, segundo Janot, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia.

A acusação não é a que trata da nomeação de Lula por Dilma a um cargo de ministro em seu governo, como hoje defende Rodrigo Janot ser a única ilegalidade da ex-presidente. E sim apontava que a ex-presidente, como ministra de Lula, teria atuado para que interesses privados fossem atendidos na estatal Petrobras, em troca de subornos e que quando assumiu a Presidência da República, os crimes teriam continuado, na tese de Janot.

Como exemplo, na denúncia enviada por Rodrigo Janot ainda em 2017 contra Dilma, ele afirma que a ex-presidente teria “concretizado” os atos criminosos de quadrilha ao negociar com a Odebrecht o financiamento de sua campanha eleitoral. A base de tais acusações são as delações de executivos da empreiteira, segundo os quais, quem cobrava as doações era Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, e Edinho, ex-ministro de Comunicação Social.

Hoje, dois anos depois, Rodrigo Janot desmente a própria denúncia criada por ele em 2017: “Até agora não surgiu nenhuma prova que envolva a ex-presidente com corrupção”, disse, entre as suas declarações. (Do GGN)