.Por Susiana Drapeau.

No país que elegeu um presidente que fala o tempo todo de xixi, cocô, tortura, matar, golden shower e troca-troca, a sensação é que os brasileiros estão presos dentro de um dos filmes mais perturbadores do cinema mundial, Saló, 120 dias de Sodoma, do diretor italiano Pier Paolo Pasolini. Assim como o diretor expressa o fascismo de Mussolini, o Brasil fede e jorra a escatologia ao mundo. Na realidade, o Brasil já passa de 200 dias de Sodoma.

(cena de Saló – reprodução)

Produzido em 1975, o filme expressa a cara e a forma do fascismo. O filme provoca em muitos a vontade de vomitar e sair do cinema. Parece que o diretor estava exagerando, mas o Brasil atual diz que não. O filme provoca a mesma sensação que muitas pessoas sentem hoje: vomitar e fugir diante do discurso fascista, um discurso vil, violento, que tenta exterminar o contraditório.

Para quem não viu, Pasolini se inspirou no livro Os 120 Dias de Sodoma do Marquês de Sade. O filme narra a história escatológica de um grupo de jovens que em 1944 foram selecionados por quatro dirigentes fascistas (um presidente de um banco, que representa o poder econômico, um bispo, representando a igreja, um duque, que representa a nobreza e um juiz, que representa o poder judicial). E não é a metáfora do Brasil?

Esses fascistas são os definidores de uma série de torturas e experimentos sádicos e escatológicos. A obra cinematográfica é dividida em três partes: Manias, Fezes e Sangue. O Brasil já passou o primeiro ciclo, parece estar agora entre as fezes e o sangue. (Por Susiana Drapeau com informações da Wikipedia)