O orçamento da USP é de R$ 5,5 bilhões e o da Unicamp é de R$ 2,4 bilhões em 2019. Parece muito, mas é um dos melhores investimento que o Brasil faz. Além disso, é errado pensar que esse valor pode ser simplesmente dividido pelos 90 mil alunos de graduação e pós-graduação da USP ou pelos 34.652 alunos da Unicamp.

(foto unicamp)

Assim como na USP, os matriculados da Unicamp, por exemplo, estão não só em 66 cursos de graduação, mas também em 153 programas de pós-graduação oferecidos nos campi de Campinas, Piracicaba e Limeira. Todos os anos, a Unicamp forma cerca de 800 doutores. E em cinco décadas, a Unicamp formou mais de 65 mil jovens em seus cursos de graduação. Além disso e do desenvolvimento científico, há museus, hospitais e outros serviços gratuitos à população que são mantidos pelas universidades.

Para se ter uma ideia comparativa, só com pagamento de privilégios para juízes e deputados e cargos do Executivo como auxílio-alimentação, auxílio pré-escola e auxílio-transporte o governo torra R$ 3,8 bilhões anuais. Esse dinheiro é extra, além dos altos salários (ou super salários) que recebem. Diferente das universidades, esse R$ 3,8 bilhões não trazem nenhum benefício para a sociedade e vai direto para contas privadas. Ou seja, somente esses privilégios consomem todo o atendimento hospitalar e todo o conhecimento científico produzido em uma Unicamp e meia durante um ano.

Isso ainda é pouco. As filhas de militares recebem pensão de R$ 5 bilhões por ano, praticamente o orçamento anual da USP. Recebem esse valor simplesmente porque a legislação permite esse privilégio. ( link) . Para se ter ideia da loucura desses números, todas as bolsas para pesquisadores da Capes consomem pouco mais de 5% desse valor, ou seja, apenas R$ 300 milhões por ano. A diferença é que os R$ 5 bilhões ficam nas contas particulares das filhas dos militares e os R$ 300 milhões são investimentos na formação de pesquisadores e na produção de pesquisa para o Brasil.

São os recursos investimentos em pesquisa e ciência que desenvolvem um país e melhora a vida da população. Recursos que vão para setores privilegiados só aumentam as desigualdades sociais, gerando mais custos ao país.

É verdade também que as universidades públicas custam mais do que as os centros universitários privados. Mas há uma razão muito óbvia e positiva para isso, que muita gente esquece de levar em conta na hora da comparação: a pesquisa científica!

O custo operacional das universidades públicas é maior porque elas se dedicam fortemente à pós-graduação (cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado) e à ciência — atividades que exigem uma complexidade muito maior de recursos humanos e infraestrutura física, incluindo hospitais e museus abertos à população, enquanto que as universidades privadas são basicamente escolas de graduação – no Brasil, 82% dos alunos estão na rede privada, segundo o Censo da Educação Superior do Inep.

E quando se fala que o governo federal gasta mais com educação superior do que com o ensino básico, é preciso lembrar que, segundo a Constituição brasileira: os municípios devem atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil e os estados, no ensino fundamental e médio. Ou seja, os recursos investidos pelos estados e municípios não podem ser excluídos dessa conta.

Nas universidades, os professores também são pesquisadores. E além de lecionar e desenvolver seus estudos, eles têm ainda o papel de formar novos cientistas, orientando trabalhos de mestrado e doutorado, ou seja, alimentando a pós-graduação – e como se vê, a responsabilidade por estes programas é majoritariamente de instituições públicas. (Jornal da USP/Carta Campinas)

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