Desenho de um dos cenários projetados por Nicolás Boni para a ópera ‘Rigoletto’

Em São Paulo – A temporada lírica de 2019 do Theatro Municipal de São Paulo traz uma das óperas mais importantes do romantismo italiano, Rigoletto, de Giuseppe Verdi. Com direção cênica de Jorge Takla e musical do maestro Roberto Minczuk, a estreia acontece no dia 20 de julho, às 20h. As récitas seguem nos dias 23, 24, 26, 27 e 30, sempre às 20h, e nos domingos, 21 e 28, às 18h.

A ópera em três atos, com libreto de Francesco Maria Piave, é baseada na peça Le rois’amuse (O Rei se Diverte), de Victor Hugo, e faz parte da chamada trilogia popular de Verdi (junto a Il Trovatore e La Traviata). Rigoletto é um bufão corcunda da corte, de língua afiada e mordaz que serve ao Duque de Mântua, um libertino incontrolável.  Rigoletto mantém escondia em casa sua única filha, que tem permissão de sair somente para ir à missa. E é exatamente na missa que Gilda, a filha do bufão, conhece o insaciável Duque (que se apresenta para a jovem como um pobre estudante). Os cortesãos num gesto de vingança pelas piadas do bufão sequestram sua filha que será depois abusada pelo próprio Duque. O bufão decide se vingar, mas uma maldição ronda sua vida e fará com que toda a tragédia se complete.

O elenco conta com grandes cantores da cena lírica internacional. No papel de Rigoletto, se revezam os barítonos Fabián Veloz, argentino eleito pela Associação de Críticos Musicais da Argentina como o melhor cantor lírico de 2018, e Rodrigo Esteves, brasileiro radicado na Espanha, com passagem por diversos Teatros na Europa e que faz sua estreia no papel de Rigoletto. Como Duque de Mântua, teremos o tenor Fernando Portari que já interpretou o mesmo papel em mais de 50 apresentações e, em 2019, completa 30 anos de carreira. Alterna com ele, o tenor argentino Darío Schumunck também já experiente no papel. Como Gilda, a jovem soprano russa Olga Pudova, que recentemente esteve nas produções de Lucia di Lammermoor e Les Contes d’Hoffmann na Bayerische Staatsoper de Munique; e Carla Cottini, soprano brasileira que vive em Berlim e interpretará Gilda pela primeira vez em sua carreira.

Todas as apresentações contam com a performance da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, e do Coro Lírico Municipal de São Paulo, preparado pelo maestro Mário Zaccaro.

Encenando Rigoletto

Rigoletto estreou no La Fenice em Veneza, em 11 de março de 1851. Uma produção polêmica para a época, inspirada na peça O Rei se diverte, de Victor Hugo, que retratava um monarca libertino que explorava o seu criado corcunda, totalmente complexado por sua condição. A peça, que já havia sido banida dos palcos franceses por ofender a monarquia, sofreu também censura em sua adaptação operística. Verdi insistiu (chegou a pedir ao libretista Piave que percorresse Veneza para tentar encontrar uma pessoa influente que ajudasse a liberar o texto) e acaba por adaptar o local da ação, ao invés da França o enredo se passaria em Mântua, na Itália; e o Rei seria substituído por um Duque.

Segundo o próprio Verdi, numa carta ao libretista, “todo o argumento da ópera está nessa maldição que também se torna moral: no início, um pai infeliz que lamenta a honra tirada de sua filha é ridicularizado pelo bufão da corte. Em desespero, o pai o amaldiçoa. A maldição persegue então o bufão de uma forma assustadora. Me parece grandioso.”

Jorge Takla, que já dirigiu cerca de 20 óperas e este ano completa 30 anos de direção apenas na cena lírica, considera os temas abordados pelo libreto de Rigoletto atuais e flagrantes de nossa perene condição humana. Assédio, cárcere privado, corrupção, vingança, estupro. Por isso prefere criar uma montagem que se passa no tempo sugerido pelo libreto: o século 16. “A obra essencialmente aborda o amor paterno, nada mais atual e eterno. Seria redundante e gratuito atualizá-la”, explica.

Para o maestro Roberto Minczuk, diretor musical da produção e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, a música é o grande trunfo que conduz o enredo: “Rigoletto foi considerada revolucionária na época e estabelece uma transformação no estilo de composição do Verdi. Ele passa a compor de forma menos fragmentada e a estabelecer um fluxo contínuo da música e da história, mesclando de forma única a narrativa musical com a ação dramática”.

Para Hugo Possolo, diretor artístico do Theatro Municipal, “essa encenação visa ampliar a vocação dessa casa para ópera, trazendo por meio dessa obra consagrada, uma temática relevante para o mundo contemporâneo ao falar de abuso sexual como arma de manipulação de poder.”

A ópera tem uma das árias mais famosas do repertório lírico, La Donna è Mobile, uma melodia tão impregnante que a Gazeta de Veneza escreveu que já na noite da estreia podia-se ouvir pessoas cantarolando pelas vielas de Veneza. Outras passagens musicais desta ópera entraram também para as listas das mais ouvidas árias e grupos de todos os tempos, como a Caro Nome, cantada por Gilda, e o quarteto Bella Figlia Dell Amore.

O cenário está sendo produzido no Brasil pelo premiado cenógrafo Nicolás Boni. O figurino conta com mais de 100 peças produzidas com o requinte que a época pede pelo figurinista Fábio Namatame.

Os ingressos para Rigoletto variam de R$ 20 a R$ 120 e serão vendidos pelo site do Theatro Municipal (www.theatromunicipal.org.br) ou na bilheteria. A ópera é a segunda da Temporada Lírica 2019, após O Barbeiro de Sevilha que estreou em fevereiro. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Rigoletto, de Giuseppe Verdi

julho

Sábado, 20, às 20h
Domingo, 21, às 18h
Terça-feira, 23, às 20h
Quarta-feira, 24, às 20h
Sexta-feira, 26, às 20h
Sábado, 27, às 20h
Domingo, 28, às 18h (Com audiodescrição)
Terça-feira, 30, às 20h

RIGOLETTO
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Coro Lírico
Regente – Roberto Minczuk
Direção Cênica – Jorge Takla
Cenários – Nicolás Boni
Figurinos – Fabio Namatame
Desenho de Luz – Ney Bonfanti
Coreografia – Anselmo Zolla

Elenco:
Rigoletto (barítono) – Fabian Veloz/Rodrigo Esteves
Duque de Mântua (tenor) – Fernando Portari/Dario Schmunck
Gilda (soprano) – Olga Pudova/Carla Cottini
Maddalena (mezzo soprano) – Juliana Taino/Magda Painno
Sparafucile (baixo) –  Luiz Ottavio-Faria
Conde Monterone ( barítono) – Davi Marcondes
MatteoBorsa (tenor) – Eduardo Trindade
Marullo (barítono) – Wladimyr Carvalho
Conde Ceprano (barítono) – Daniel Lee
Condessa Ceprano (mezzo soprano) – Carla Rizzi
Giovanna (soprano) – Karen Stephanie
Pajem (soprano) – Ludmilla Thompson
Oficial (baixo) – Andrey Mira

Duração aproximada: 2 horas e 30 minutos, em 3 atos
Indicação etária: 12 anos
Ingressos: R$ 120 / R$ 80 / 20 pelo site theatromunicipal.org.br ou na bilheteria do Theatro Municipal
Horário da Bilheteria do Theatro Municipal: De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, esábados e domingos, das 10h às 17h.