A Polícia Civil prendeu, por volta das 17h30 quinta-feira (18), Leo Luiz Ribeiro, que confessou ter assassinado Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante uma manifestação pela manhã em Valinhos (SP).

(foto igor carvalho – brasil de fato)

Após prestar depoimento na delegacia da Polícia Civil do 1º Distrito de Valinhos, ele foi transferido (vídeo abaixo) para cadeia pública anexa à 2ª Delegacia de Polícia de Campinas (SP).

Leo Luiz Ribeiro é dono de uma oficina mecânica, na qual trabalha com outros dois irmãos. O veículo utilizado no crime é uma caminhonete modelo Mitsubishi Hylux L-200, com placas de Valinhos. O carro foi apreendido. No painel, havia uma bandeira do Brasil.

À reportagem do Brasil de Fato, a esposa dele, que não quis se identificar, disse que o marido só soube que havia assassinado o idoso ao chegar em casa, e entrou em pânico.

O MST convocou um ato para às 10h deste sábado (20) em Valinhos, com local a confirmar, para protestar contra a violência no campo.

Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), disse que o crime deve ser analisado em um contexto de avanço dos discursos e das práticas de violência.

“Temos plena convicção de que esse crime de hoje tem a ver integralmente com a conjuntura, o contexto hoje vigente no nosso país. Um contexto que privilegia a morte em detrimento de políticas de promoção de direitos humanos, que privilegia a arma, acabar com o direito dos diferentes, que diz que ‘a partir de primeiro de janeiro sem-teto, sem-terra seriam tratados à base da bala'”, lembra, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Isso tudo vai repercutindo na sociedade como um discurso institucional que autoriza o extermínio das populações que lutam pelos seus direitos. O que a gente vive no Brasil hoje é um Estado de exceção”, lamenta.

Nilcio Costa, advogado do MST, relatou à reportagem que, “de maneira exaltada, um dos irmãos do autor disse, em alto e bom som, que tinha mais era que ‘jogar caminhão em cima e passar por cima’ [dos militantes]”.

“Momentos antes, o pai já havia dito que tinha que fazer aquilo mesmo porque as pessoas estavam obstruindo a estrada”, finaliza. Costa disse que vai acompanhar o caso de perto para garantir que seja feita a justiça. (Igor Carvalho – Brasil de Fato)