O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ainda não percebeu a gravidade das mensagens divulgadas e disse hoje (14) que pode ter cometido um “descuido formal” ao trocar mensagens com membros da Força-Tarefa Lava Jato por meio de um aplicativo de mensagens.

A declaração apenas confirma a veracidade das mensagens secretas trocadas entre o juiz (Moro) e o acusador (Dallagnol) que foram divulgadas pelo editor o site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald. “Descuido: a palavra usada por pessoas poderosas que acreditam que são tão nobres que residem acima da lei, mas são pegos cometendo sérios atos antiéticos que violam princípios legais e corrompem a justiça”, afirmou Greenwald no Twitter.

(imagem: foto de video tv brasil)

Segundo Sérgio Moro, ele não cometeu nenhum ilícito. “Estou absolutamente tranquilo em relação a todos os atos que cometi enquanto juiz da Lava Jato” , disse o ministro durante apresentação do esquema de segurança da Copa América, evento que começa na noite de hoje, em São Paulo.

“Eventualmente, pode ter havido algum descuido formal, mas, enfim, isso não é nenhum ilícito”, disse o ministro. “Temos que entender o contexto do trabalho que havia na 13ª Vara naquela época. Atendíamos a várias questões urgentes, operações que envolviam o enfrentamento a pessoas muito poderosas envolvidas em corrupção. Então, tinha uma dinâmica de trabalho que era muito intensa”, acrescentou Moro, dizendo que não considera que receber uma notícia-crime e repassá-la ao Ministério Público pode ser qualificada como conduta imprópria.

Moro voltou a afirmar que não tem como comparar as mensagens que eventualmente tenha trocado com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Força-Tarefa Lava Jato em Curitiba, com as reproduções de trechos dessas conversas que vêm sendo publicados pelo site de notícias The Intercept Brasil. O ministro, no entanto, reiterou que o teor das conversas, além de descontextualizado, pode ter sido alterado.

“A PF vem investigando os fatos com autonomia”, acrescentou o ministro, reconhecendo a dificuldade de rastrear a pessoa ou as pessoas suspeitas de hackear conversas de autoridades.

O site The Intercept não confirma que as mensagens foram hackeadas, apenas revela que a origem das mensagens foram recebidas de uma fonte anônima. A Constituição Federal reserva a todo jornalista o direito de não revelar suas fontes de informações. (Agência Brasil/Carta Campinas)