O jornal Folha de S. Paulo publicou hoje, 23 de junho, uma reportagem que tem como origem as mensagens trocadas pelos procuradores da força-tarefa e o ministro da Justiça Sérgio Moro. As mensagens foram fornecidas pelo site Intercept Brasil que as recebeu de uma fonte anônima.

(foto de página web – arte)

Na reportagem, além de confirmar mais uma vez a aliança ilegal entre o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, mostra que o atual ministro da Justiça mantinha processos em sigilo para ficar com a investigação que era de competência do Supremo Tribunal Federal. Ele burlava a Constituição para poder atuar sobre o processo Veja abaixo a história narrada no Intercept Brasil.

Em seu texto, o jornal (Folha) conta como os procuradores se articularam para proteger Sergio Moro e evitar novas tensões entre o então juiz da Lava Jato e o Supremo Tribunal Federal, apenas um dia depois de Moro ter sido repreendido pelo STF por ter divulgado ilegalmente uma conversa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então presidente Dilma Rousseff.

O atrito com o Supremo foi causado pelo que Moro chamou de “bola nas costas” da Polícia Federal: no dia 22 de março de 2016, a PF tornou públicos documentos da Odebrecht de um processo que corria em Curitiba. O material foi divulgado pelo jornalista Fernando Rodrigues antes que Moro pusesse tudo em sigilo novamente. A divulgação de vários nomes de investigados com foro privilegiado obrigaria o ex-juiz a remeter parte do processo ao STF, coisa que Moro não parecia disposto a fazer.

Moro reclamou com Deltan Dallagnol no Telegram. “Tremenda bola nas costas da Pf”, disse. “E vai parecer afronta [ao STF].” Horas depois, após discutirem juntos uma estratégia – em mais uma prova de que juiz e procuradores trabalhavam em conjunto fora dos autos, o que é ilegal –, Deltan escreveu novamente a Moro, sugerindo que não tinha havido má-fé por parte da PF. “Continua sendo lambança”, respondeu o juiz. “Não pode cometer esse tipo de erro agora.” Deltan respondeu: “Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com Vc, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender Vc de injustas acusações.”

Minutos depois de conversar com Moro no chat do Telegram, Deltan procurou o delegado Márcio Anselmo, que chefiava as investigações sobre a Odebrecht, e disse: “Moro está chateado.” Anselmo respondeu horas mais tarde reconhecendo que tinha sido apressado, mas minimizou – ele não via motivo para “todo esse alvoroço”. Deltan respondeu: “O receio é que isso seja usado pelo STF contra a operação e contra o Moro. O momento é que ficou ruim”, disse. “Vem porrada.”

Veja texto no Intercept Brasil