Em São Paulo – A Armazém Companhia de Teatro apresenta até o dia 2 de junho o espetáculo “Angels in America”, no Sesc Vila Mariana, uma versão cênica de Paulo de Moraes para a obra teatral de Tony Kushner.

(Foto: Facebook Armazém Companhia de Teatro)

Considerada por muitos estudiosos como o texto teatral mais importante dos últimos 50 anos, “Angels in America” é um díptico escrito por Tony Kushner no início dos anos 1990. Composto de O Milênio se Aproxima (parte 1) e Perestroika (parte 2), e jamais montado integralmente no Brasil*, o texto de “Angels in America” recebeu os principais prêmios da dramaturgia americana, incluídos os prestigiados Tony Award, Drama Desk Award e Pulitzer Prize.

A Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória travando um complexo diálogo criativo com um dos melhores materiais dramatúrgicos da história recente. “Angels in America” se passa na década de 1980, em Nova York, durante a chamada Era Reagan e quando a AIDS assola a cidade como uma espécie de epidemia. Mas Nova York aqui pode ser qualquer um desses lugares densamente povoados, lotados, onde é fácil pensar que a pessoa ao seu lado no metrô ou no elevador, ou mesmo na cama, pode estar do outro lado do mundo.  Há uma pressa, uma urgência, nesse ir e vir constante da grande cidade que parece não permitir o tempo estendido de se conectar ao outro. Mas, apesar e por conta disso, as personagens arrebatadas de Tony Kushner – cheias de dor, medo e uma frágil esperança –tentam fazer contato dentro deste abismo.

“É um épico teatral em duas partes. É uma peça especial, imensa, um mergulho no final do século XX, mas que – diante do colapso em que o mundo se encontra hoje – revela uma atualidade esmagadora. Angels in America reflete sobre o mundo ocidental,  sobre religiões, política, relações afetivas, sexo, medo da morte, covardia, crueldade, História. Há um sentido de devastação se alastrando por toda a peça. Mas o resultado cênico é um movimento constante, personagens se fazendo vivos por estarem em movimento.”, comenta o diretor Paulo de Moraes.

“Embora haja um cheiro de realidade permanente, a nossa montagem não é nada realista. Usamos um espaço nu, aberto. E pairando sobre esse espaço aberto, um grande teto branco, uma espécie de asa geométrica, como um anjo pairando sobre a História. Fora isso, usamos pouquíssimos elementos em cena, para que os corpos dos atores sejam determinantes para a narrativa e a imaginação do público seja cúmplice e finalizadora do acontecimento estético.”, conclui Moraes.

Os ensaios para a versão brasileira de Angels in America começaram em outubro de 2018 e o resultado deste processo é a criação de uma grande peça de teatro, com duração aproximada de 5 horas. A montagem da Armazém Companhia de Teatro será apresentada em dois formatos: como duas peças autônomas, que serão vistas em dias alternados, e como uma grande peça, com as duas partes encenadas juntas, contando com um intervalo entre elas.

*A primeira parte de Angels in America, “O Milênio se Aproxima”, foi montada em São Paulo, no ano de 1995, sob a direção de Iacov Hillel. No elenco, estavam Cássio Scapin, João Vitti e Rodrigo Santiago, entre outros.

Sobre ANGELS IN AMERICA e seus personagens

Deus abandonou o paraíso. Na terra – mais especificamente na cidade de Nova York – um novo profeta está para surgir. O ano é 1985, o milênio se aproxima rapidamente, e Prior Walter (Jopa Moraes) é o profeta que se erguerá dos destroços deste terrível século. Mas ele tem problemas maiores. Com apenas trinta anos, acaba de ser diagnosticado com AIDS. Seu namorado, Louis (Luiz Felipe Leprevost), é incapaz de lidar com a progressão dos sintomas. O vômito, as feridas, a doença o apavoram de tal modo que ele decide se mudar e deixa Prior. Sozinho no apartamento, Prior – o profeta – tem sonhos febris onde ouve uma voz angelical que chama por ele. Paralelo a isso, o famoso advogado Roy Cohn (Sérgio Machado) – uma figura que realmente existiu – também recebe de seu médico a notícia de que está com AIDS. Perverso e ultraconservador, esconde sua homossexualidade e sua doença. Por mais temido e influente que seja em todo o país, é a primeira vez que Cohn se depara com algo que não pode controlar.

O pupilo de Roy, Joe (Ricardo Martins), é mórmon e trabalha no Tribunal de Apelação como chefe de gabinete há cinco anos. Roy oferece a ele um cargo importante no Departamento de Justiça em Washington, para que Joe o beneficie em um processo que visa expulsar Cohn da Ordem dos Advogados. Joe se vê dividido entre a carreira e seus princípios éticos. Além disso, seu casamento com Harper (Lisa Eiras) não vai nada bem. A criação religiosa fez com que Joe nunca assumisse sua homossexualidade e, para aplacar a depressão da relação, Harper ingere quantidades enormes de Valium, buscando refúgio em suas alucinações. Num momento de crise, Joe liga para a mãe, Hannah (Patrícia Selonk), e conta para ela que é gay. Hannah o repreende veementemente durante a ligação, mas dias depois vende a casa em Salt Lake City, onde morava, e chega em Nova York para descobrir que o filho sumiu. Ele deixa Harper para viver com Louis – que trabalha no tribunal como digitador – a sexualidade que sempre reprimiu. Joe – advogado, mórmon, republicano – personifica a América que Louis abomina, mas um improvável elo se forma entre eles, uma paixão sexual e poderosa.

Prior está desolado sem alguém do seu lado. Perdeu muitos amigos para a AIDS nos últimos tempos e teme ser o próximo. No auge da doença e da febre, um Anjo desce dos céus e aparece em seu quarto. O Anjo (Marcos Martins) é de certa forma assustador. Ele explica que o movimento da espécie humana – sua incapacidade de se manter parada, de não se misturar – seria a causa dos males do mundo e do desaparecimento de Deus. Prior é o escolhido para restabelecer a paz, cessando todos os movimentos migratórios da humanidade. Ele faz de tudo para rejeitar sua profecia, se torna progressivamente mórbido e amargurado, causando preocupação em seu amigo Belize (Thiago Catarino), que tenta ajudá-lo a lidar com a rejeição de Louis e a cuidar da saúde debilitada. Belize é enfermeiro e trabalha no turno da noite no hospital em que Roy é internado. Negro, gay e ex-drag queen, conhece bem as feridas profundas causadas pelo avanço da política e do pensamento neoliberal defendidos por Roy Cohn. Isolado e enfraquecido, Roy recebe a visita de uma velha conhecida, o fantasma de Ethel Rosenberg (Patrícia Selonk), que foi condenada à cadeira elétrica nos anos 50 graças à influência do advogado nos anos do Macarthismo. O que fazer diante de um sofrimento arrasador? Como sobreviver a uma época monstruosa? É preciso parar ou devemos manter as nossas vidas em constante movimento? (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ficha técnica

ANGELS IN AMERICA
de Tony Kushner
Direção: Paulo de Moraes
Tradução: Maurício Arruda Mendonça
Elenco (em ordem alfabética): Jopa Moraes (Prior Walter), Lisa Eiras (Harper Pitt), Luiz Felipe Leprevost (Louis Ironson), Marcos Martins (O Anjo), Patrícia Selonk (Hannah Pitt + Ethel Rosemberg), Ricardo Martins (Joe Pitt), Sergio Machado (Roy Cohn) e Thiago Catarino (Belize + Sr. Mentira)
Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri
Iluminação: Maneco Quinderé
Figurinos: Carol Lobato
Música Original: Ricco Viana
Videografismo: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Preparação Corporal: Paulo Mantuano
Fotografia: Mauro Kury
Designer Gráfico: Daniel de Jesus
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Assistente de Produção: William Sousa
Produção Executiva: Flávia Menezes e Isabel Pacheco
Direção de Produção: Patrícia Selonk
Produção: Armazém Companhia de Teatro

ANGELS IN AMERICA

Estreia nacional: dia 3 de maio de 2019
Temporada: de 3 de maio a 2 de junho
Sextas-feiras, às 21h: ANGELS IN AMERICA – Parte 1 – O MILÊNIO SE APROXIMA
Sábados, às 18h: ANGELS IN AMERICA – Parte 1 – O MILÊNIO SE APROXIMA
Sábados, às 21h: ANGELS IN AMERICA – Parte 2 – PERESTROIKA
Domingos, às 18h: ANGELS IN AMERICA – Parte 2 – PERESTROIKA
Local: Sesc Vila Mariana
Endereço: Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo.
Telefone: 11 5080-3000
(próximo ao Metrô Ana Rosa)
Valor do Ingresso: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia) e R$ 9,00 (comerciário)Importante: Cada sessão será vendida de maneira independente. Quem assistir no sábado terá de comprar 2 ingressos, 1 para a parte 1 e outro para a parte 2.Vendas na bilheteria ou pelo site https://www.sescsp.org.br
Capacidade de Público: 400 pessoas
Duração: Aproximadamente 150 minutos, cada parte.
Classificação Indicativa: 16 anos (cenas de nudez, simulação de sexo e palavrões)
Gênero: Drama