O consumo de fibras alimentares pelos adolescentes de Campinas é cerca de 50% abaixo da média atualmente recomendada pelo Ministério da Saúde. Da quantidade ideal de 12,5g a cada 1.000 calorias, eles ingeriram apenas 6,4g, ficando, ainda, abaixo da média nacional, de 7,6g.

(foto ilustrativa snock snap pl)

Os dados foram revelados por uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, que analisou a ingestão de fibras alimentares por 891 adolescentes do município de Campinas. Verificou-se que, além do consumo estar abaixo da quantidade recomendada, 25% das fibras ingeridas são provenientes de alimentos ultraprocessados, como pães de pacote, achocolatados e biscoitos.

Do total das fibras ingeridas pelos adolescentes de Campinas, 4,9g representavam a porção de fibras insolúveis, e 1,5g para as fibras solúveis. As meninas apresentaram maior ingestão de fibra alimentar total e solúvel. Já os adolescentes com melhor nível socioeconômico apresentaram melhores índices de ingestão de fibra solúvel.

“A indústria alimentícia adiciona fibras alimentares aos alimentos ultraprocessados para atuarem como estabilizantes e espessantes. No entanto, tais alimentos não podem ser considerados saudáveis. As fibras da alimentação devem ser provenientes de alimentos in natura. Essa é a base de uma dieta saudável”, alertou a nutricionista Rafaela de Campos Felippe Meira ao site da Faculdade de Medicina da Unicamp.

Segundo explica Rafaela, as fibras alimentares estão presentes em alimentos como frutas, hortaliças (cruas e cozidas), leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), cereais, especialmente os integrais (arroz, farelo de trigo, aveia), raízes e tubérculos (mandioca, batata doce, batata baroa, cenoura) e oleaginosas (castanhas). E são classificadas em dois grupos, as solúveis e as insolúveis, por desempenharem funções diferentes no organismo.

As fibras solúveis absorvem água formando géis viscosos, que contribuem para a redução dos níveis sanguíneos de colesterol e para o melhor controle da glicemia. Já as fibras insolúveis não absorvem água, retardam o esvaziamento gástrico, promovendo maior saciedade e contribuindo para o bom funcionamento intestinal.

“É preciso ficar atento em relação ao tipo de alimento ingerido. O consumo adequado de fibras alimentares previne o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, de câncer em diversas localizações, de obesidade e diabetes; as fibras são fundamentais para o tratamento da diabetes, evitando episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia”, alerta a pesquisadora.

Os alimentos ultraprocessados contribuíram com 24,8% das fibras alimentares ingeridas pelos adolescentes, sendo os biscoitos, os pães de pacote e achocolatados os principais alimentos dessa categoria. “Verificamos que 37,9% do teor de fibras solúveis e 21,0% das fibras insolúveis ingeridas eram provenientes de produtos ultraprocessados, porém, essa é uma situação preocupante. Esses alimentos contêm uma quantidade excessiva de açúcar, sal e gorduras ruins e, naturalmente, são pobres em fibras alimentares”, disse Rafaela. (Carta Campinas com informações da FCM/Camila Delmondes)