Em um artigo irônico e bem humorado (talvez seja essa a única forma de enfrentar a falsificação sistemática de informação dos membros do governo Bolsonaro), o ator, diretor e apresentador Jô Soares expôs toda a estupidez presente nos discursos dos integrantes do governo Bolsonaro. O artigo foi publicado na Folha de S.Paulo desta sexta-feira, 12.

(foto tv globo – divulgação)

A inteligência de Jô Soares está em não se contrapor aos argumentos falsificadores, mas mostrar como esses argumentos podem ser falsificados de forma medíocre. Com isso, Jô expõe a estupidez dos discursos e das falsificações do governo Bolsonaro de forma avassaladora.

Veja trecho em que Jô Soares explicita a tacanha falsificação ideológica e a malandragem discursiva do governo Bolsonaro:

Finalmente, um conselho: não se deixe influenciar por certas palavras. Seguem alguns exemplos:

1. Quando chegar a um prédio e o levarem para o elevador social, entre sem receio. Isso não fará do senhor um trotskista fanático;

2. A expressão ‘no pasarán!’, utilizada por Dolores Ibárruri Gómez, conhecida como ‘La Pasionaria’, não era uma convocação feminista para que as mulheres deixassem de passar as roupas dos seus maridos;

3. ‘Social climber’ não se refere a uma alpinista de esquerda;

4. Rosa Luxemburgo não era assim chamada porque só vendia rosas vermelhas;

5. Picasso: não usou o partido para divulgar seus gigantescos atributos físicos;

6. Quanto à palavra ‘social’, ela consta até no seu partido.

Finalmente, adoraria convidá-lo para assistir ao meu espetáculo.

Foi quando surgiu um dilema impossível de resolver. Claro que eu o colocaria na plateia à direita. Assim, o senhor, à direita, me veria no palco à direita. Só que, do meu lugar no palco, eu seria obrigado a vê-lo sempre à esquerda.

Espero que minha despretensiosa missiva lhe sirva de alguma utilidade.

Convicto de ter feito o melhor possível, subscrevo-me.”

Jô Soares,
Influenciador analógico