Sob regência do maestro Victor Hugo Toro, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresenta no sábado, 13, às 20h, e no domingo, 14 às 11h, obras dos compositores Richard Wagner e Gustav Mahler. Os concertos, no Teatro Municipal José de Castro Mendes, terão a participação especial dos solistas Paulo Mandarino (tenor) e Ana Lúcia Benedetti (mezzo-soprano).

Na programação, a obra “Parsifal, WWV 111: Prelúdio ato I” e “Parfisal, Encantamento da Sexta Feira Santa”, de Wagner, que transformou o pensamento musical com a obra de arte total. Para ele, a música não é o único elemento importante, ela associa-se a outras artes em benefício da expressão dramática.

Já a última obra de Mahler, “A Canção da Terra”, mostra um compositor que vinha de um período de grande sofrimento com a perda de sua filha Maria e o diagnóstico de uma doença congênita no coração.

Parsifal, WWV 111 – Prelúdio do Primeiro ato e Encantamento de Sexta-Feira Santa (Charfreitagszauber)

Wagner transformou o pensamento musical com a ideia da Gesamtkunstwerk, ou obra de arte total, na qual a música não é o único elemento importante, ela associa-se a outras artes em benefício da expressão dramática. O compositor não utilizava o termo ópera, já que o julgava impróprio para expressar a amplitude de seu trabalho, preferia chamar de drama musical.

Costuma-se dividir a obra de Wagner em três períodos: no primeiro compõe obras como Rienzi, ainda dentro dos padrões tradicionais; no segundo escreve óperas mais arrojadas como Lohengrin e Tannhäuser; e o terceiro, ainda mais ousado, inicia-se com Tristão e Isolda, obra notável pela textura contrapontística, cromatismo exacerbado, harmonias e orquestração inovadoras, além do uso intenso de leitmotivs, um tema musical que é associado a personagens, objetos, emoções, ideias ou elementos do drama.

Parsifal, que estreou no Teatro de Bayreuth em 1882, pertence e esta última fase. Para escrevê-la Wagner se inspirou em três lendas germânicas: Parzival de Wolfram von Eschenbach, Percival le Gallois, ou Le Conte du Graal, de Chrétien de Troyes, e Peredur, anónimo do século XIV. Começou a pensar no libreto em 1857, terminou o primeiro esboço em 1865 e o concluiu em 1877, quando começou efetivamente a composição da obra, que denominou “festival sacro dramático-solene”.

O enredo de Parsifal é bastante complexo, mas em linhas gerais, gira em torno do Santo Graal, o cálice no qual José de Arimatéia recolheu o sangue de Cristo, e da Lança Santa, com a qual o soldado Longinus feriu Cristo. Esta foi entregue por anjos para o puro Titurel que, para guardar e defender a relíquia construiu um castelo e foi consagrado primeiro rei do Santo Graal. Foi sucedido por seu filho Amfortas.

Klingsor, inimigo da irmandade do Graal, tenta destruí-la. Amfortas decide enfrentá-lo numa luta, mas, traído pela bruxa Kundry, é ferido com a Lança Santa, que fica em poder de Klingsor. Amfortas sobrevive, mas sua chaga nunca cicatriza. Nas suas orações aparece uma profecia do Santo Graal: “um dia aparecerá um ingênuo casto que irá trazer a salvação e ser o novo rei”. Este surge na figura de Parsifal, que, inadvertidamente, fere um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas. Inquirido pelos cavaleiros da corte, o desconhecido só consegue dizer que nada sabe, nem ao menos seu nome. Após uma série de eventos, Parsifal, ao atravessar o jardim mágico de Klingsor, é atacado com a Lança Santa, mas esta não o atinge, dá a volta em seu corpo, destrói o castelo mágico e termina nas suas mãos.

Na Sexta-feira-Santa o rei Amfortas, em grande sofrimento, recusa-se a celebrar o Graal, seu único desejo é livrar-se do seu tormento. Quando a irmandade, enfraquecida pela agonia de seu rei, estava prestes a forçá-lo a cumprir sua tarefa, chega Parsifal munido com a Lança Santa. Com ela toca a chaga de Amfortas, que imediatamente cicatriza. Reconhecido como aquele que veio salvar o reino, Parsifal é nomeado rei e, ao presidir a cerimônia, anuncia que o Santo Graal nunca mais será coberto, para que todos tenham acesso à sua força. Coros de anjos cantam o apoteótico final: “Salvação para o Redentor”. O trecho Encantamento de Sexta Feira Santa (Charfreitagszauber) diz respeito a esse contexto.

A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)

Na época da composição de A Canção da Terra, entre 1908 e 1909, Mahler vinha de um período de grande sofrimento. Em 1907, por razões políticas, viu-se obrigado a deixar seu posto como diretor da Ópera de Viena. No mesmo ano faleceu sua filha Maria e ele próprio foi diagnosticado com doença congênita no coração. Em carta ao maestro Bruno Walter desabafou: “Com um só golpe perdi tudo o que ganhei em termos de quem eu pensava que era e tenho que aprender meus primeiros passos novamente como um recém-nascido”.

Última composição de Mahler, A Canção da Terra, foi escrita dentro deste contexto. Considerada uma “sinfonia com voz”, foi escrita para duas vozes, que se apresentam em movimentos alternado, e orquestra. O texto é uma tradução livre de um antigo livro chinês realizada por Hans Bethge (1876-1846), que a denominou Die chinesische Flöte (A flauta chinesa). Deste conjunto Mahler selecionou sete poemas e os arranjou em seis canções.

As duas primeiras, Das Trinklied vom Jammer der Erde (A canção de beber da tristeza da Terra) e Der Einsame im Herbst (O solitário no outono), refletem, de maneira diversa, sobre questões semelhantes. A primeira é a visão de um bêbado desesperado que repete Sombria é a vida, é a morte (Dunkel ist das Leben, ist der Tod); a segunda faz um paralelo entre o outono, expressando uma comiseração que se abate sobre o coração, o que se explicita no verso principal: O meu coração está cansado (Mein Herz ist mude).

As canções seguintes são mais leves e tratam de cenários e elementos da natureza. Von der Jugend (Da Juventude) descreve uma cena chinesa; em Von der Schönheit (Da Beleza), são alegres meninas colhendo flores de lótus e em Der Trunkene im Frühling (O bêbado na primavera), retorna o bêbado que, ao ser acordado por um pássaro (representado pelo flautim), reclama: que me importa a primavera, deixai-me com minha embriaguez!

A última canção, Der Abschied (O Adeus), retoma o clima sombrio, com uma longa reflexão sobre o fim da vida, com direito a marcha fúnebre e uma longa passagem na qual o solista conclui: Em todo lugar a amada terra floresce na primavera e torna a verdejar! Por toda parte, eternamente, resplandece um azul luminoso! Eternamente… eternamente (Ewig… ewig…).

O maestro Bruno Walter, que regeu a estreia de A Canção da Terra na Tonhalle de Munique no dia 19 de novembro de 1911, seis meses após a morte de Mahler, definiu esta composição como “apaixonada, amarga e ao mesmo tempo misericordiosa, o canto da separação e do desvanecimento”. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Concerto – Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas

Sábado

R$ 30,00 (inteira)

R$ 15,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos)

R$ 10,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida)

R$ 5,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino)

Domingo

R$ 10,00 (inteira)

R$ 5,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos)

R$ 4,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida)

R$ 2,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino)

* Valores especiais: POR TEMPO LIMITADO

Observação:

Expressamente proibida a entrada após o início do concerto.

Não será permitida a entrada de menores de 6 anos.