“É terrível. O governo equatoriano está rompendo todo o direito internacional, o princípio de asilo, da corte interamericana de direitos humanos. E a Constituição do Equador, porque ele é um cidadão equatoriano. É uma humilhação para o Equador. E além do mais é uma vingança pessoal. Lenin Moreno sempre quis expulsá-lo da embaixada, e agora conseguiu.”, afirmou o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, em entrevista a Natalia Viana, da Agência Pública.

(foto wikimedia commons)

O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange foi retirado à força da embaixada equatoriana em Londres nesta quinta-feira, 11, onde vivia há sete anos. Inicialmente, as autoridades do Reino Unido afirmaram que o motivo seria o fato de Assange ter fugido da sua “liberdade condicional” ao entrar na embaixada em junho de 2012 para receber asilo político.

“Menos de uma hora depois, a Polícia Metropolitana de Londres emitiu um comunicado reconhecendo que Assange foi preso a pedido do governo americano, que fez um pedido de extradição para os Estados Unidos, onde ele é acusado de “conspirar para hackear” um computador americano. A acusação se refere ao vazamento de 250 mil telegramas da embaixada Americana ocorrido em 2010, que conferiu fama mundial ao Wikileaks. Chelsea Manning, a soldado acusada de ser a fonte dos documentos – assim como de documentos referentes à Guerra do Iraque e do Afeganistão como o vídeo “Collateral Murder” – está presa numa solitária desde 8 de março por negar-se a testemunhar contra Assange no mesmo caso”.

A reportagem lembra que a prisão de Assange dentro da embaixada, território equatoriano, só foi possível depois que o atual presidente do Equador, Lenin Moreno, revogou o asilo político que estava em vigor desde 2012. Pouco depois, o governo equatoriano também revogou a cidadania que havia sido concedida a Assange em 2017. A revogação acontece 5 dias antes de uma visita de Moreno a Washington por seis dias e 15 dias antes de uma visita oficial que estava agendada do Relator da ONU sobre Tortura à embaixada para verificar a condição de saúde de Assange, que era mantido em isolamento pelo governo equatoriano dentro da embaixada há um ano, sem internet, comunicação e com visitas reduzidas.

Para o ex-presidente do Equador Rafael Correa, cujo governo concedeu asilo político a Assange, a revogação do status é ilegal e contraria a Constituição do país. Para ele, trata-se de um acordo entre o atual governo e os Estados Unidos, além de uma vingança pessoal de Lenin Moreno após um vazamento do WikiLeaks apontar para indícios de corrupção da família presidencial.

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