(foto maria hsu)

.Por Eduardo de Paula Barreto.

Ainda naquela terra árida
Com pés descalços e barriga vazia
Sonhava um dia secar as lágrimas
Que escorriam e ninguém percebia
E ver germinar a pequena semente
Da crença de que a dura corrente
Que prendia o pobre à pobreza
Poderia ser rompida
Para não haver mais vazia barriga
Nem gente condenada à tristeza.
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Ao oferecer-se para tal missão
Obteve a aprovação do Infinito
Que o elegeu como guardião
Da esperança dos aflitos
Mas tão grandioso quanto a obra
É o preço que o Universo cobra
De quem oferece os seus labores
Para mudar o rumo da história
Porque aos que se destina a glória
Destinam-se também os dissabores.
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Quanto maiores são as agruras
Maior deve ser a certeza
De que ao superar as amarguras
Será reconhecida a grandeza
Daquele que com pés descalços
Caminhou sobre os percalços
Da injustiça árida como o sertão
Que só fortalece o idealista
Porque o espírito humanista
Não se submete à prisão.
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