Na próxima sexta-feira, 3, às 19h30, o ciclo Cinema & Literatura, que acontece no Museu da Imagem e do Som (MIS), de Campinas, com curadoria do crítico de cinema e jornalista Ricardo Pereira, exibe o filme “O Amante” (1992), de Jean-Jacques Annaud, baseado no romance homônimo de Marguerite Duras.

Cena de ‘O Amante’, de Jean-Jacques Annaud

A descoberta da sexualidade de uma adolescente, filha de franceses, com um empresário chinês, um homem adulto, choca as convenções sociais e revela sob um ângulo inusitado o desequilíbrio das relações pessoais e políticas durante o período da dominação colonial do sudeste asiático. Depois de décadas produzindo uma literatura com reputação de difícil, a cultuada escritora Marguerite Duras teve seu romance “O Amante”, de cunho autobiográfico, transformado em “best-seller”. O sucesso do livro despertou o interesse de produtores europeus e logo foi transformado em filme pelas mãos do habilidoso diretor francês Jean-Jacques Annaud. A requintada versão recebeu uma indicação de melhor fotografia ao Oscar. Com Jane March e Tony Leung. (França, 1992. Colorido, 115 min).

Ambientado na Sa Dec, na Indochina Francesa, na década de 1930, esse romance autobiográfico conta o relacionamento entre uma menina francesa de 15 anos e um chinês rico, 20 anos mais velho do que ela. Essa relação envolta em um tabu sexual tem como pano de fundo a família infeliz e miserável da menina. A família desaprova o relacionamento inter-racial, mas se aproveita financeiramente dele, e seus encontros constrangedores acabam por aliviar as tensões criadas pelo regime colonial francês e pela diferença de suas origens cultural e social. Com o uso alternado de primeira e terceira pessoas, evocando recordações e um estilo impressionista e fragmentado, o texto de Marguerite Duras é bastante cinematográfico, influenciado pelo nouveau roman francês da década de 1950. Romance de Marguerite Duras (1914-1996). Publicado em 1984.

O Ciclo “Cinema & Literatura” acontece desde agosto de 2011, exibindo, como o próprio nome sugere, adaptações cinematográficas de obras literárias, mas não quaisquer obras. O primeiro critério de seleção dos filmes que compõem o ciclo é justamente a qualidade das obras adaptadas, com isto, nestes quase oito anos de ciclo, já foi possível discutir grandes clássicos da Literatura como Ulysses (James Joyce), “O Processo” (Franz Kafka), “A Montanha Mágica” (Thomas Mann), “Em Busca do Tempo Perdido” (Marcel Proust) e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (Machado de Assis), dentre outros.

A exibição é gratuita e seguida de debate. Mais informações no evento no Facebook. (Carta Campinas com informações de divulgação)