(Foto: Luiz Morier – pd)

.Por Eduardo de Paula Barreto.

Um negro que não representa os negros
Um gay que não representa os gays
Um pobre que não representa os guetos
Um Silva que se diz Holiday
E que mancha a sua memória
Quando com rude retórica
Fere o ideal dos quilombos
Reabrindo as velhas feridas
Daquela gente sofrida
Que perecia nos troncos.
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Muitas vezes o oprimido
Tentando ignorar a dor
Movido pelo egoísmo
Transforma-se em opressor
E para saciar a sua vaidade
Açoita com mais crueldade
Do que o pior dos feitores
E exclui dos seus ouvidos
Os apelos em forma de gritos
Fingindo ouvir só tambores.
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Com discursos contra a senzala
Consegue lugar na Casa-Grande
Mas sua pele não fica mais clara
Nem seu passado fica mais distante
Apenas é acolhido pela elite branca
Para servir de propaganda
No meio das modernas praças
Onde pelourinhos seguem ilesos
Mantidos pelos negros
Que negam a sua raça.
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