A mostra “Seriações nas obras de Marco do Valle”, com curadoria de Sylvia Furegatti, poderá ser vista na Casa de Vidro até 31 de maio. Trata-se de uma retrospectiva que reúne cerca de 30 peças de importantes momentos da trajetória do professor, arquiteto e artista contemporâneo Marco do Valle, falecido há um ano, em Campinas. O público poderá visitar a exposição de segunda a sexta, das 9h às 18h e aos sábados, das 10h às 15h. A entrada é gratuita.

Obra Diário de Objetos (Foto: Arquivo PMC)

Artista que transitou por diversas formas de expressão, Marco do Valle foi pioneiro da arte-xerox e da vídeo-arte, e também realizou objetos, intervenções e esculturas que saíram da base para serem colocadas direto no chão numa dimensão aumentada quanto ao tamanho e peso problematizando os espaços consagrados pela arte – museus e galerias. “Topografia Artificial”, trabalho que foi apresentado na 20ª Bienal Internacional de São Paulo remontada nesta exposição, é um exemplo desse processo. A obra ocupa todo a superfície de uma das salas do museu.

Para além dos trabalhos, serão expostos registros de processos criativos e documentos sobre as participações em bienais e em exposições nos principais museus do país, assim como pesquisas e produções que demonstram os “três protagonismos de Marco do Valle: artista-professor-arquiteto”, destaca a curadoria.

Marco do Valle foi um dos fundadores do Instituto de Artes (IA) da Unicamp e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FEC), onde exerceu a atividade como professor por mais de 30 anos e formou gerações de artistas, arquitetos e pesquisadores que imprimiram em seus trabalhos traços das reflexões e experiências propostas pelo docente.

Como arquiteto, foi o pioneiro em estudar o trabalho de Oscar Niemeyer. Na prática, dedicou-se a processos de recuperação patrimonial, como o restauro do Palácio dos Azulejos, em Campinas.

Para a curadora Sylvia Furegatti, que foi também aluna de Marco do Valle e parceira de trabalho como professora no Instituto de Artes da Unicamp, a exposição representa “uma oportunidade ímpar de resgatar um artista cuja produção e importância no cenário artístico nacional nem sempre é completamente bem compreendida. “As décadas dedicadas à universidade cobram seu preço e a maneira muito atenta e conscienciosa com a qual Marco do Valle trabalhou e pesquisou acabaram levando-o para outros circuitos e participações. Esta escolha, contudo, só comprova a força da produção deste docente-pesquisador-artista que pode ser conferida pela seleção dos trabalhos aqui reunidos, certamente, pela primeira vez”, afirma.

A apresentação selecionada de trabalhos, esboços, projetos, cadernos, anotações e outros processos pessoais adotada pela curadoria visa configurar um tom retrospectivo sem que a linearidade usual da homenagem que involuntariamente sempre acompanha estes processos possa se sobrepor à vitalidade e importância fatual da produção artística de Marco do Valle.

Este projeto é também resultado das pesquisas de Julyana Troya, mestranda do Instituto de Artes e quem está organizando todo acervo artístico e intelectual do artista. “Parte da pesquisa foi realizada ao lado de Marco do Valle, mediante conversas sobre seus trabalhos e sobre arte contemporânea, inclusive estávamos traçando essa exposição, que, para mim, é uma forma de evidenciar sua contemporaneidade testando aplicações da física, da matemática, da engenharia, da química, da astronomia para criar objetos, esculturas, vídeos-instalações e construir uma poética singular”, conta Julyana.

A partir do uso de materiais do cotidiano e da construção civil como borracha, formas de telhas, PVC e rodízio, o conjunto reúne cerca de 30 peças, incluindo esculturas, objetos, livro do artista, vídeos e gravuras que demonstram a versatilidade do artista e dialogam com artistas da renascença, como Albrecht Dürer, e da arte contemporânea, como Joseph Beuys. “Trabalhos que fazem com que seja impossível abordar sua produção como um conjunto unificado de obras. Ao contrário, há uma versatilidade nos processos que se recusa a se ater a um só meio, forma ou movimento, ou seja, suas seriações”, conclui.

Residência Artística

A mostra apresentará também a residência de MESMO (Kjell von Ginkel), artista que está realizando seu mestrado na Faculdade de Educação da Unicamp. MESMO, que também trabalha com materiais do cotidiano, montou seu ateliê dentro da Casa de Vidro e passará o período da exposição realizando seu trabalho de intervenção urbana, processo pelo qual os visitantes poderão interagir.

Ciclo de Palestras e Laboratório Pedagógico

Para contemplar todos os protagonismos de Marco do Valle, a exposição contará com diversas atividades relacionadas à arquitetura e à educação.

O Ciclo de Palestras, coordenado pelo professor Cláudio Lima, vinculado ao Departamento de Artes Plásticas (IA) e que atua na Arquitetura (FEC Unicamp), receberá convidados relacionados à história de Marco do Valle como os arquitetos Abílio Guerra e Renato Anelli, para discutir as relações entre a Arte e a Arquitetura.

O Laboratório Pedagógico, direcionado a professores e educadores, tem como proposta abrir um diálogo entre a arte contemporânea e as práticas escolares. A partir dos trabalhos de Marco do Valle e de MESMO os participantes realizarão atividades que se desdobrarão em proposições educativas que façam paralelos entre o museu e os espaços de educação formal e não formal. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Programação

“Seriações nas obras de Marco do Valle”

Abertura: 27 de março às 19h

Visitação: 27 de março a 31 de maio. De segunda a sexta, das 9h às 18h; sábados, das 10h às 15h.

Residência Artística

Quintas e sextas, das 9h às 18h; sábados, das 10h às 15h.

Ciclo de Palestras – Relações entre Arte e Arquitetura

11/abril – 19h

Mesa: Projeto e Memória

Preambulo: Sylvia Furegatti

Palestrantes: Abilio Guerra e Haroldo Gallo

Mediação: Sidney Piochi Bernardini

23/abril – 19h

Mesa: Estruturas e Reflexos das Casas de Vidro

Preambulo: Julyana Troya

Palestrantes: Renato Anelli e Evandro Ziggiatti Monteiro

Mediação: Rafael Urano

Lançamento do Livro: “Casas de Vidro / Glass Houses” de Renato Ainelli e Sol Camacho (org). Romano Guerra Editora, 2018, 144 pags.

Laboratório Pedagógico

Datas e turmas:

12/04 (turma 1) e 13/04 (turma 2) – práticas de formação pedagógica e desenvolvimento de proposições educativa

17/05 (turma 1) e 18/05 (turma 2) – Realização das proposições desenvolvidas no primeiro encontro

Cada turma receberá até 20 participantes aceitos mediante ordem de inscrição por meio do link: https://goo.gl/forms/9msQuLznTfUhHq3z1

Todas as atividades são gratuitas.

A Casa de Vidro está localizada na Avenida Heitor Penteado, 2.145 (Lago do Café), Campinas.