(foto: ignatsevichserg cc)

.Por Eduardo de Paula Barreto.

Sou um poeta branco
De consciência negra
Porque os negros prantos
Também regam minhas letras
E porque o sal do meu suor
Tem a mesma cor
Do sal que escorre
Sobre a pele escura
Que como a minha sua
Que como a minha morre.
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Sou um poeta heterossexual
De consciência feminina
Porque com parto normal 
Dou vida às minhas rimas
Sinto os socos da agressão
A dor da submissão
E do menosprezo
E por ser feito objeto
Do prazer abjeto
Do amor sem beijo.
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Sou um poeta remediado
De consciência pobre
Porque a dor dos necessitados
Invade as tristes estrofes
Que formam a poesia
Em que a empatia
É a principal fonte
Sou preto, pobre e mulher
E serei sempre o que quiser
Para ser melhor do que antes.
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