A denúncia da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que pediu nesta quarta-feira, 9, a condenação do ex-ministro e ex-deputado Geddel Vieira Lima a 80 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, mostra uma semelhança com a suspeita de corrupção envolvendo Flávio Bolsonaro, senador eleito e filho do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL).

(foto josé cruz – facebook divulguação e polícia federal)

A procuradora anotou na denúncia que parte do dinheiro, R$ 51 milhões encontrado em malas em uma apartamento da família Vieira Lima, teria origem no desvio de salários de funcionários dos gabinetes dos irmãos Vieira Lima na Câmara, segundo a PGR.

No caso de Flávio Bolsonaro, o Ministério Público investiga justamente a volumosa transferência de recursos entre os assessores do filho do Presidente, que iriam sempre para a conta de Fabrício Queiroz, amigo da família e assessor parlamentar de Flávio.

Raquel Dodge diz que outra parte do dinheiro do Geddel teve como origem diferentes práticas criminosas entre os anos 2010 e 2017, reveladas em outras investigações, entre elas as operações Lava Jato – que investiga desvios na Petrobras – e Cui Bono – que apura esquemas de corrupção na Caixa Econômica Federal.

A defesa havia alegado que os R$ 51 milhões integram o patrimônio legal da família, tendo como uma de suas origens a atividade agropecuária. O advogado Gamil Föppel, que representa a família Vieira Lima, tem alegado que a denúncia é inepta e que não há provas da origem ilícita do dinheiro.

Raquel Dodge rebate os argumentos, afirmando não ser plausível a guarda de quantia tão grande em espécie, e que se o dinheiro fosse lícito teria sido aplicado em investimentos, para que não fosse “corroído pela inflação”

Ela também pediu a condenação do deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) a 48 anos e seis meses de prisão, pelos mesmos crimes.  Ele é irmão de Geddel e não conseguiu se reeleger nas últimas eleições. Geddel e o irmão participaram das manifestações contra a corrupção que levou ao impeachment de Dilma Rousseff (PT). (Agência Brasil e Carta Campinas