.Por Marcela Moreira.

Um homem arrancou o coração de uma travesti e deixou a imagem de uma santa sobre o corpo. Sorrindo, ele justificou o crime à polícia dizendo que “era um demônio”

(imagem: geralt cc)

O discurso de ódio do presidente legitima a LGBTTIfobia, porque nem todos teriam coragem de cometer esse crime, mas alguém se sentirá fortalecido, se sentirá com legitimidade e cometerá essa violência. O discurso bota a arma na mão daquele que tem coragem.

São anos de discursos que dizem que travestis são o demônio, assim como religiosos de matriz africana. De tanto dizerem que o outro nem humano é, naturaliza essa condição. O outro se torna abjeto, portanto fácil de eliminar!

O fundamentalismo politico-religioso nega direitos, nega ao outro a humanidade. Banaliza a violência e isso abre espaço para crimes. Uma das características dos crimes de ódio são seus requintes de crueldade. Não basta matar, se mata com crueldade.

E tudo se iniciou na palavra. Na piada, na negação da humanidade, na negação de direitos. A palavra legitimou e incentivou o crime de ódio.
Nossa resposta? Combater a LGBTTIfobia, defender uma educação inclusiva que priorize o respeito a diversidade sexual e identidade de gênero, nos inspirar nos 50 anos da Revolta de Stonewall – quando travestis e lésbicas tomaram as ruas se rebelando contra a opressão e violência que viviam cotidianamente – e juntos, construirmos a resistência.

Que nossa dor e nosso choque se transforme em ação! Bora?!!!

Marcela Moreira, professora, cientista social, ex-vereadora, presidenta do PSOL Campinas.