As mulheres da cidade de Indaiatuba (SP), região de Campinas, já não fazem mais o exame de Papanicolaou, que detecta preventivamente o câncer de cólo de útero.

Indaiatuba (foto néder piagentini – giuliano miranda – unicamp)

Ele foi substituído agora pelo teste de HPV (Papiloma Vírus Humano) em toda a rede pública de saúde.

O Papanicolaou demorava pelo menos dois meses para ter seu resultado retornado à mulher. Já o teste de HPV é entregue à paciente entre 7 e 14 dias.

Mas a grande vantagem é que enquanto o teste de Papanicolaou detecta as lesões no colo uterino, o teste de HPV identifica a presença do vírus, antes de ocorrer a lesão.

Além de antecipar a prevenção, o novo exame permite maior tempo entre um exame e outro. Com a mudança, a coleta – que ocorria a cada três anos – será feita a cada cinco anos, nos casos de resultado negativo para esse vírus. Se o teste for positivo, serão solicitados exames complementares, e o seguimento da paciente será efetuado com intervalos menores até resolução clínica.

O Programa pioneiro de substituição faz parte do Programa de Rastreamento do Câncer de Colo de Útero do Hospital da Mulher da Unicamp (Caism) e coordenado pelo diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Luiz Carlos Zeferino, e pelo diretor da Divisão de Oncologia do Hospital da Mulher – Caism, Júlio César Teixeira.

Segundo os médicos, há atualmente um excesso de exames de Papanicolaou. As mulheres são submetidas com maior frequência do que seria necessário. Além disso, dois terços dos testes de Papanicolaou do Sistema Único de Saúde (SUS) acontecem fora da idade recomendada (abaixo dos 25 anos), onde a incidência desse câncer é rara. Por outro lado, apenas 15% a 30% das mulheres entre 25 e 64 anos realizam o Papanicolaou.

Indaiatuba que fazia 10 mil testes de Papanicolaou por ano, sendo que 16% das mulheres faziam o teste abaixo dos 25 anos. “Em um ano do programa do HPV foram feitos 7.400 testes e, os que eram efetuados fora da faixa etária, caíram de 16% dos casos para 0,8%”, revela Teixeira. A expectativa com o teste de HPV é de que, ao final de cinco anos, tempo de duração do programa, sejam atingidas entre 25 e 30 mil coletas, que equivalem a uma cobertura de 80% das mulheres que fazem acompanhamento ginecológico com idade entre 25 e 64 anos. Indaiatuba tem uma população de pouco mais de 240 mil habitantes.

No novo exame, a coleta do material é feita como no Papanicolaou (também chamado de citologia oncótica), obtendo-se conteúdo do colo uterino. Só que, ao invés de o conteúdo ir para a lâmina, será acrescentado a um líquido capaz de disponibilizar DNA para detectar diferentes tipos de HPV no colo do útero. Hoje, o teste do HPV é processado de modo automatizado no Caism em equipamento único no Estado de São Paulo: o Cobas 480.

Segundo Teixeira, pesquisas indicam que o teste de HPV é mais eficaz do que o de Papanicolaou e isso já se comprova nos EUA e Europa, de onde partem essa iniciativa. No Brasil, ele era feito apenas em clínicas privadas.

“O Papanicolaou foi importante até aqui, para detectar as células sugestivas de lesão pré-câncer”, comenta Teixeira. Como essas lesões demoram a se desenvolver, uma possível falha do Papanicolaou acaba sendo corrigida com a repetição do exame. A citologia é coletada duas vezes anuais e depois a cada três anos na rede pública. No teste de HPV, a falha é menor porque o exame é processado por máquinas e tem como alvo a detecção de DNA viral. (Com informações de divulgação)