(Foto: Divulgação)

Em São Paulo – A Estrada de Wolokolamsk, obra do alemão Heiner Müller (1929-1995), situa-se no interior de uma guerra: a do real com o irreal. Escrito em 1987, o texto se estrutura a partir da realidade da República Democrática da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, que assume aspectos de sonhos que se substituem – como o nazismo, socialismo soviético, capitalismo – com o fracasso sucessivo de cada um deles, sem exceção.

Diante da impossibilidade de estar fora de um sistema ideológico, Heiner abre espaço para a compreensão da História através do percurso mental de indivíduos que tentam se adaptar à situação dominante. Para o autor, sonhos realizados podem se tornar pesadelos que nos levam para o autoritarismo e submissão, liquidam nossa capacidade e liberdade de pensar e ser.

Com direção de Esther Góes e Ariel Borghi – que também atuam no elenco – A Estrada de Wolokolamsk chega ao Teatro do Sesc Santo André para duas apresentações em novembro, nos dias 23 e 24. A encenação do texto de Heiner contribui para a compreensão de dilemas e contradições dos tempos atuais, um cenário onde predominam tendências autoritárias presentes nas relações humanas. As questões do século XXI ampliam e aprofundam as vividas no século XX. A Estrada de Wolokolamsk exemplifica, por meio dos seus cinco quadros, grande parte dessas questões.

O espetáculo aborda fatos que historicamente relacionam a Segunda Guerra Mundial no front russo, dominado pelo stalinismo brutal, e o período de existência do regime socialista da República Democrática Alemã (RDA), em que o Muro de Berlim foi o ápice da crescente repressão que determinou o seu desaparecimento. Ao dividir a narrativa, Heiner nos oferece um ponto de vista privilegiado de ator e testemunha dos fatos, e nos liberta de uma visão única do tema.

Nos quadros Abertura Russa e Floresta perto de Moscou sucedem-se fatos que ocorreram na Segunda Guerra, numa unidade militar russa solitária, defendendo Moscou do avanço do Exército Alemão. O espírito de Stalin domina a cena. Nos quadros Duelo e Centauros, o regime socialista já implantado em Berlim Oriental no pós-guerra demonstra, em sua decadência prematura, a progressiva repressão e a burocracia asfixiante. Utilizando fortes elementos de humor, o quadro transforma em farsa a tragédia burocrática.

O quinto quadro, O Enjeitado, explica, na profunda distância entre um pai e seu filho, a impossibilidade de transferir um legado repressivo à próxima geração. A ruptura entre gerações é o estopim para a implosão do sistema. É a queda simbólica do muro. A estrutura da obra é transparente e simples, um quadro questiona o outro e ao final o próprio espectador é questionado.

No palco, os diretores e atores Esther Góes e Ariel Borghi contracenam com Marcelo Reis, Leandro Bitar e Jean Dandrah. A cenografia é de José Fernando Surian Brettas e trilha sonora de Lincoln Antônio. Figurinos de Larissa de Souza Matheus e iluminação de Fábio Luis Pavão Retti. (Carta Campinas com informações de divulgação)

A Estrada de Wolokolamsk
Dia 23/11, sexta-feira às 21h.
Dia 24/11, sábado às 20h.
Ingressos nos valores de R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena). Disponíveis online no Portal Sesc SP a partir das 12h do dia 13/11, ou a partir das 17h30 do dia 14/11 nas Bilheterias da Rede Sesc.
Recomendação etária: 12 anos.

Sesc Santo André
Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar – Santo André
Telefone – (11) 4469-1311
Estacionamento (vagas limitadas): Credencial Plena – R$ 5 (R$ 1,50 por hora adicional) |
Outros – R$ 10 (R$ 2,50 por hora adicional).
Informações sobre outras programações:
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