Práticas e atitudes racistas ainda acontecem no ambiente escolar brasileiro, mesmo com as culturas africana e afro-brasileira presentes em algumas disciplinas como foi o caso da Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, em Sumaré (SP).

(Imagem: foto de vídeo)

Ao perceberem que muitas jovens recorriam ao alisamento para escapar dos comentários constrangedores, três alunas do Ensino Fundamental se mobilizaram e levantaram dados mostrando o constrangimento e o racismo presente entre os alunos.

Elas iniciaram o projeto “Cabelo, autoestima e construção da identidade da menina negra”, que foi um dos 11 premiados da 4ª edição do Desafio Criativos da Escola.

O Desafio Criativos é uma iniciativa que faz parte do Design for Change, movimento global que surgiu na Índia e está presente em 65 países, inspirando mais de 2,2 milhões de crianças e jovens ao redor do mundo. O objetivo da premiação é encorajar crianças e jovens a transformarem suas realidades, a partir do momento em que se reconhecem como protagonistas de suas próprias histórias de mudança.

O projeto das alunas de Sumaré começou com a aplicação de uma pesquisa entre colegas, e os dados levantados entre os 317 estudantes do colégio deixaram explícito o racismo: 48% dos alunos afirmaram ter feito piadas sobre o cabelo das colegas, e 30% das alunas declararam ter sido vítima dessas atitudes.

Outro dado que chamou a atenção foi a negação da própria identidade entre os jovens. Apesar de formarem a maior parcela dos estudantes, apenas 18% se declararam pardos e 23% pretos.

Paralelamente às pesquisas, as jovens criaram, no início de 2018, o clube juvenil “Naturalmente Cacheadas”, um espaço de diálogo sobre autoestima, empoderamento e incentivo para que as garotas assumam a beleza natural dos seus cachos.

O projeto fez tanto sucesso que as idealizadoras têm sido convidadas para palestrar em universidades e em seminários nas cidades vizinhas, além de firmarem parcerias com grupos como “Ponto de Cultura e Memória Ibaô” e com a “Pastoral do Negro”.

Recentemente, o grupo soube que inspirou uma escola em Campinas (SP) a realizar ações semelhantes. Já a pesquisa, inicialmente um projeto escolar, virou um projeto de iniciação científica, com direito a financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), e foi expandido para outras quatro escolas de Sumaré.

Esta é a terceira vez seguida que um projeto de São Paulo é premiado no Desafio Criativos da Escola. A cerimônia de premiação dos 11 projetos selecionados será no dia 4 de dezembro, em Fortaleza (CE), com a participação de três estudantes e um educador de cada um dos grupos selecionados. A transmissão do evento será feita ao vivo pelo canal do Youtube do Criativos da Escola.(Com informações de divulgação)

Veja vídeo das alunas: