(foto: skeeze cc)

.Por Eduardo de Paula Barreto.
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A minha Terra é diferente
Das outras Terras que existem
Lá a prostituta insiste
Em amar os seus clientes
E o afrodescendente
Como livre eleitor
Escolhe o seu feitor
Reeditando o passado
Quando foi escravizado
Terra onde chora o tambor.
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A minha Terra é ímpar
Lá o gay é solitário
E não pode ver armário
Que logo quer se abrigar
Mas na hora de votar
Escolhe homofóbicos
Talvez ache ótimo
Ter a vida por um triz
Abrindo mão de ser feliz
Terra onde tudo é insólito.
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A minha Terra é estranha
Lá a mulher é discriminada
Dizem até que de fraquejada
Ela brota nas entranhas
Mas nem mesmo se acanha
E na hora da eleição
Põe na chefia da Nação
Um líder retrógrado
Que demonstra ser misógino
Terra onde falta razão.
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A minha Terra é controversa
Lá gente esclarecida
Que ama a escrita
E controla a Imprensa
Dedica páginas imensas
Para apoiar candidaturas
Que defendem a tortura
E o controle da expressão
Por saudade da repressão
Terra que enaltece a censura.
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A minha Terra é um enigma
Lá o povo pula carnaval
Enquanto lê no jornal
Sobre outra bala perdida
E com risco de vida
Procura um trabalho servil
Mas ao votar perde o brio
E escolhe político elitista
Que destrói as leis trabalhistas
A minha Terra se chama Brasil.
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30/10/2018