.Por João Victor.

“Resolvi me aventurar no evento pro bolsonaro na são salvador, e foi isso que vi em uns 20min por lá:

Soube que ia acontecer esse evento, e resolvi ir checar com meus próprios olhos como essa galera se organiza e o que é falado nesse tipo de evento, quais propostas são postas para discussão e por aí vai. Mas o que eu vi foi pior do que eu esperava.

Primeiro que 90% das pessoas que estavam lá eram homens brancos. Segundo que, como era de se esperar, nenhuma proposta foi discutida. Só se pregava um ódio descabido à esquerda, que o PSOL “vai sair da Alerj e vai direto pra Bangu 1, 2 ou da puta que pariu”, que não se conversa com esquerdistas porque eles “pregam o fuzilamento do cidadão de bem”, e todo esse discurso raso e sem fundamento que a gente já está cansado de ouvir. Nada sobre educação, segurança, saúde e o que essa galera diz ser prioridade.

Depois de muita merda falada, algumas pessoas dos prédios em volta da praça começaram um coro de #elenão, e pessoas na praça aderiram ao coro. Ai, amigo, foi quando a merda começou. Começaram um canto que dizia que “Haddad é maconheiro e Ciro cheirador”, e uma mulher, que estava com criança pequena, retrucou falando que o local estava cheio de criança e que era descabido falar essas coisas na frente delas.

Foi ai que um homem, branco, camisa verde e amarela, “cidadão de bem” foi na direção dessa mulher, se sentiu no direito de botar o dedo na cara dela, e a ameaçar de morte. Assim, de morte, com o dedo na cara. A mulher não se intimidou e chamou a polícia, mas ai a confusão já tinha começado. E essa galera já tem um roteiro certo pra seguir.

Eleitores de Bolsonaro acham que vão escapar ilesos da ascensão da violência

Primeiro foram todos correndo em direção da situação, e começaram os xingamentos. Puta, comunista, feminazi e outros absurdos. Depois falaram que era mentira e que era estava querendo aparecer (essa hora eu tava puto da vida e já no meio da confusão). Vieram cerca de uns 20 homens, todos querendo briga, e chegaram empurrando quem estava pela frente, todos alterados e prepotentes. Uns outros filmando a cena toda, querendo mostrar que a “esquerda é intolerante” (então se eu aparecer em algum vídeo já sabem que sou meliante).

Depois de muita ameaça, xingamento, deboches e tudo o repertório que eles têm, a confusão começou a dispersar e achei uma boa ir embora, porque não tinha mais fígado para estar naquele lugar. Quando estava de saída da praça, perto do corpo de bombeiros, escuto SEIS TIROS DISPARADOS, e quando olho para trás, pessoas correndo e algum lunático gritando algo no microfone que eu não consegui entender o que era. Avisei a policia e fui embora.

Então está ai, um relato do que vi e vivi, Um relato de um ato a favor de um candidato claramente fascista, em que as pessoas sentem no direito de colocar o dedo na cara de alguém e ameaçar de morte, que se sentem no direito de sacar uma arma e dar 6 tiros para cima no meio da praça as 20h da noite de uma quarta feira, cheia de crianças, se sentem no direito de partir para a agressão porque não conseguem aceitar pessoas pensando diferente deles. Saí de lá com um sentimento pessimista, porque mesmo num cenário em que derrotamos o Coiso nas urnas, nós já perdemos como pessoas e como sociedade. Pensem bem no que vocês assinam embaixo na hora de votar.” (Do Facebook de João Victor)