O fascismo que ameaça o planeta

.Por Sandro Ari Andrade de Miranda.

Quem acompanha a excursão musical de Roger Waters no Brasil, icônico líder da banda Pink Floyd, deve ter notada que ele fez uma listagem de políticos fascistas que surgem como ameaças em todos os cantos do globo. Ele não fez isto por possuir uma vinculação partidária com o PT, o PSOL ou qualquer partido de esquerda, nem por estarmos em período eleitoral no Brasil.

Já faz parte do seu compromisso como músico defender a democracia e lutar contra a opressão, afinal falamos de um cantor que fez show pela paz no Estado Palestino no meio do bombardeio de Israel contra as comunidades árabes, e o principal letrista do notável álbum “The Wall”.

Na lista de Waters encontramos nomes que ainda estão distantes do poder, mas são sempre ameaças, como a francesa Marine Le Pen. Dois que já assumiram o poder nos seus países, Donald Trump (EUA) e Vladimir Putin (Rússia). O Brasil é representado pelo ex-capitão e Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSL/RJ).

Todos esses políticos possuem um perfil parecido: são direitistas, racistas, machistas, homofóbicos, anti-ambientalistas, contrários às liberdades civis, defensores do militarismo e das armas e uma série de outros atributos autoritários. Todos falam em ética mas estão envolvidos em pesados esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro.

Além disso, utilizam práticas políticas sujas, como o escândalo das mensagens pelo Facebook em 2016 (campanha de Trump) e agora o caso do uso ilegal de robôs pagos por empresários para enviar mensagens mentirosas contra o candidato adversário e favoráveis a Bolsonaro pelo aplicativo Whatsapp, dentro de um gigantesco esquema de caixa dois, corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil.

Quando trazemos o debate exclusivamente para o campo ambiental, o risco de um holocausto ecológico, que ameaça a vida e o planeta é evidente. Cercados de empresários dos setores degradadores e poluidores, em nome de um pseudonacionalismo, eles defendem propostas que podem tornar mais grave o nosso já frágil equilíbrio ecológico.

Como já está no poder, Trump foi o que mais avançou neste processo destrutivo. Primeiro retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris Sobre Mudanças Climáticas, exatamente objetivando aumentar as emissões atmosféricas. Mais grave ainda, no último final de semana ele anunciou a saída do seu país do Tratado de Força Nucleares de Alcance Intermediário (INF), ou de “Não Proliferação de Armas Nucleares”, que havia sido firmado com a Rússia em 1987, pondo fim a uma das páginas mais assustadoras da “guerra fria”.

Com a decisão do presidente norte-americano, o risco de uma nova corrida armamentista é iminente e, desta vez, com um agravante: “se antes existia a limitação ideológica capitalismo x comunismo, agora o único mediador de interesses é o dinheiro”.

O Brasil, caso Bolsonaro (PSL/RJ) seja eleito caminhará para o mesmo lado. O político direitista já anunciou que pretende abandonar o Acordo de Paris, pois entende que este prejudica o agronegócio nacional. Também pretende tornar a legislação ambiental mais branda e extinguir com órgãos ambientais, terras indígenas e quilombolas, além de liberar o comércio de armas. A sua derrota seria um freio na onda destrutiva que ameaça a vida no planeta como um todo.