.Por Luís Fernando Praga.

O Tempo me contou uma história acelerada, passada num país assolado pela desigualdade e pela miséria, em que um homem (Lula) e um partido político (PT) buscaram se eleger e saíram derrotados das 3 primeiras eleições presidenciais (1989, 2003 e 2007), após o fim da ditadura (1964 a 1985).

Outro homem, J.B., o Honesto, deixa o cargo de vereador na cidade do Rio e se elege deputado federal em 1991 e lá ficou até ontem (27 anos recebendo salário e benefícios pagos pelo povo), com o mesmo discurso autoritário, preconceituoso e de ódio social.

Em 2002, Lula derrota José Serra (PSDB) e PT finalmente assume a presidência.

Em 2003, a Polícia Federal começa a trabalhar como nunca contra uma corrupção que houve sempre (foram 2.226 operações em 14 anos de PT contra 48 em 8 anos de FHC!):

O Tempo sugeriu o link abaixo só pra me deixar boquiaberto:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_opera%C3%A7%C3%B5es_da_Pol%C3%ADcia_Federal_do_Brasil

Quatro anos depois, Lula se reelege em 2006, derrotando Geraldo Alckmin (PSDB) com mais de 60% dos votos.

Governo petista atinge 80% de aprovação popular em 2010 (É, você gostava, porque as conquistas do período foram inigualáveis na História do Brasil! Disse o Tempo.) e Lula elege sua sucessora, Dilma Rousseff, que derrota José Serra (PSDB).

Polícia Federal continua trabalhando como nunca e, em março de 2014, é deflagrada a operação Lava Jato, envolvendo, inicialmente, ao menos 14 partidos políticos e 45 parlamentares (sendo 6 do PT, 6 do MDB e 31 do PP).

Os principais políticos do PSDB passam a ser citados em delações premiadas e aparecem na lista da propina da Odebresht.

Aécio Neves, o Mineirinho da lista da propina, perde as eleições para Dilma em 2014 e o PSDB afirma que não aceitará o resultado das urnas.

Em 2014, Lulinha, filho do Lula, “possui muito dinheiro na Suíça”, “é dono da Friboi”, “de uma frota de jatinhos”, “de uma Ferrari dourada”, “de mansões multimilionárias”, “mantém vários esquemas criminosos”; “Lula faz acordos com Cuba e com a Venezuela para implantar a ditadura comunista no Brasil”; o “PT entrega o Kit gay nas escolas públicas” e Dilma “distribui mamadeiras eróticas para bebezinhos”; tudo calúnia, tudo comprovadamente falso, tudo, segundo o Tempo, já esclarecido como mentiras rasteiras, mas tem gente “de bem” que acredita e se inicia o ódio ao PT.

O ódio se fortalece, alimentado pela mentira. Dilma é desrespeitada das maneiras mais baixas por gente “de bem e muito educada” e é lançado o slogan “tudo menos o PT”.

O Tempo me lembra que muitos alertaram que era golpe, mas era cedo demais para a “gente de bem” captar.

O ódio se avoluma, assim como a quantidade das fake news, mas ainda era cedo demais para a “gente de bem” perceber que eram notícias falsas.

A “gente de bem”, com ódio, com os políticos do PSDB, DEM e MDB, com as bancadas da bíblia, da bala e ruralista, com “J.B., o Honesto”, com a rede globo, com o Supremo e com tudo, destitui Dilma em 2016 e o golpe se instala; mas, apesar de há anos serem alertados pelos amigos, era cedo demais para que os alertas tocassem a “sábia gente de bem” quanto à percepção de que o golpe era também contra ela própria.

Graças ao ódio, ao “tudo menos o PT” e com a decepção em relação a Aecinho e seu esquema, que, segundo o Tempo, todo mundo já conhece, mas ninguém faz nada (acaba de se eleger deputado federal), a “gente de bem” escolhe “J.B., o Honesto”, aquele deputado de 27 anos e só 2 projetos, para representá-la contra o “odiado PT” nas eleições 2018.

Em outubro de 2018 revela-se que “J. B., o Honesto” recebe caixa 2 e, com essa verba, pagava a empresas de marketing digital pela distribuição das notícias falsas, aquelas que geraram o ódio contra o PT.

O Tempo me revelou que notícias falsas contra aquele partido (que não é perfeito mesmo) vêm sendo plantadas em grupos de Whats app desde 2013; mas agora já era tarde demais pra que a “gente de bem” abandonasse seu ódio e raciocinasse com bom senso.

Era tarde demais para que a “gente de bem” desse o braço a torcer e exigisse honestidade de seu próprio candidato, como exige do PT e do resto da humanidade.

Jair, o Honesto, o candidato fascista da gente de bem, que está na política desde 1988, sempre em prol das famílias (das 3 famílias que já teve), é o primeiro colocado nas intenções de voto naquele país desigual, onde vive a “gente de bem” e muitas, muitas outras gentes que jamais esperaram ou pediram por um governo fascista.

Era tarde demais…

Graças ao ódio, companheiro inseparável desde 2013 e profundamente enraizado na personalidade da “gente de bem”, era tarde demais para enxergar a realidade. Era tarde demais para evitar que pobres votassem em seus exploradores, era tarde demais para evitar que negros votassem num racista, era tarde demais para evitar que mulheres votassem num machista, era tarde demais para evitar que homossexuais votassem num homofóbico, era tarde demais para evitar que “cristãos” votassem num fascista torturador, era tarde demais para se esperar justiça, ética, bom senso e até instinto de autopreservação dessa gente.

Era tarde demais para que evitássemos um retrocesso de tantos anos! Agora era o fascismo, formalmente instituído na República brasileira pela primeira vez na História.

Não, não será a primeira vez que o povo sofrerá com a desumanidade humana no Brasil, mas, pela primeira vez, seremos tantos sofrendo tantas e tão brutais atrocidades. Tarde demais…

Perguntei ao Tempo: e aí, irmão, quando seremos um povo consciente, capaz de viver com paz e dignidade, capaz de evoluir socialmente, capaz de desejar o bem sem olhar a quem? Quando será o nosso tempo?

E o Tempo respondeu: olhe, amigo, nem eu esperava que vocês, aqui, pudessem demorar tanto para aprenderem com seus erros; também estou decepcionado com seu povo e até com o meu trabalho. Não precisa esperar, pois sua vida será tão longa, nenhuma vida será tão longa; mas saiba: se até as rochas eu modelo, arredondo as asperezas e as transformo profundamente, eu lhe juro que um dia consigo esclarecer seu povo!