Uma verdadeira fábrica de mentiras disseminadas por grupos do aplicativo de celular Whatsapp, lançadas por apoiadores do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL),  está por trás do impressionante aumento da rejeição do candidato Ferando Haddad (PT), que saltou 10% em menos de 5 dias.

Nas últimas três semanas, uma reportagem do El país se inscreveu em três desses grupos de apoio a Bolsonaro – juntos, eles publicam mais de 1.000 mensagens por dia. Em dois deles a presença de manipulação, mentira e difamação é mais evidente e forte do que em outro.

O ator Antônio Fagundes teve de gravar um vídeo desmentindo notícias falsas. A máquina de fake news de Bolsonaro inventou que Fagundes e outros artistas estariam apoiando Bolsonaro.

A campanha de Fernando Haddad (PT) montou agora uma central de monitoramento para tentar combater as informações falsas. Segundo a campanha, em menos de 24 horas, a equipe do site do Lula recebeu 15 mil denúncias pelo número de whatsapp criado como canal para monitorar boatos e fake news contra Lula, Fernando Haddad e Manuela D’Ávila. As denúncias foram categorizadas e entregues para o jurídico da campanha, que as analisará e tomará as medidas cabíveis, denunciando os atos criminosos.

Não só há ataques contra os adversários. A fábrica de mentiras ataca tudo e a todos, manipula vídeos, inventa notícias para desmentir qualquer notícia real contra Bolsonaro.  Segundo o El Pais, uma disputa francamente digital e que desafia o poder da propaganda na TV, a capilaridade da campanha de Bolsonaro no WhatsApp é umas das potências da candidatura.

Assim como as mentiras nazistas se disseminavam numa Europa que conhecia os meios de comunicação de massa, a ascensão da extrema-direita no mundo também está ligada a propagação de mentiras com as novas tecnologias de comunicação. Estamos vivendo as primeiras eleições com a força da internet e de aplicativos de difusão de mensagens.

Segundo já constatado, há pelo menos cem grupos públicos específicos do aplicativo que apoiam o capitão reformado do Exército: 37 deles são monitorados pelo projeto Eleições Sem Fake, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Fabrício Benevenuto, professor do departamento de Ciência da Computação da UFMG e criador do projeto pioneiro diz que Bolsonaro monopoliza os debates na maior parte dos grupos públicos. “Monitoramos 272 grupos que debatem política, 37 deles só de Bolsonaro. Somos um sistema enviesado porque há mais grupos de apoiadores dele do que de outros candidatos”, diz. (Veja mais sobre as mentiras no El Pais)