No próximo dia 21 de setembro, sexta-feira, às 20h, será apresentado no Teatro do Sesi Amoreiras, em Campinas, a comédia Burundanga – A Revolução do Baixo Ventre, da Damião e Cia de Teatro, espetáculo assinado por Fernando Neves, com assistência de direção de Kátia Daher.

Com aspectos do teatro circense, o espetáculo usa a comédia para questionar os problemas políticos do Brasil. Em verbete de dicionário, “burundanga” tem sentido restrito: palavreado confuso e trapalhada. Contudo, quando toma a cena teatral, a palavra se veste de sinônimos que extrapolam a confusão para tomar novos rumos, entre os quais o da crítica social, da reflexão sobre a corrupção e do escárnio bem-humorado de mediocridades e hipocrisias.

Burundanga, do dramaturgo Luís Alberto de Abreu, é uma irreverente comédia popular cuja essência questiona o cenário político brasileiro. Nessa história, uma dupla de trambiqueiros acaba de chegar a uma cidadezinha nos confins do Brasil. Quando os rapazes são dominados pela fome, miséria e desgaste assumem uma postura inusitada: se vestem de militares e fazem todo o município acreditar que o País foi tomado por um golpe militar.

Os moradores creem que uma revolução está em curso – motivo suficiente para acirrar as discussões e aflorar os ânimos. O mal-entendido traz à tona interesses ocultos, paixões arrebatadoras e alianças improváveis, ocasionando uma confusa e divertida revolução.

Ao mesmo tempo em que reflete a identidade cômica da trupe, a montagem é um convite ao desafio, como descreve a atriz Fernanda Jannuzzelli. “A trupe namorava esse texto já há algum tempo. Por conta do momento atual em que o Brasil está vivendo, resolvemos antecipar a produção, já que se trata de um texto superatual. Além disso, ele se encaixa justamente ao nosso trabalho, que tem a ver com a pesquisa de linguagens cômicas. Nessa produção, apostamos na estética do circo-teatro e no desafio de ser construída no palco italiano. Até então, todos os nossos espetáculos, entre os quais As Presepadas de Damião, foram feitos na rua”.

Em Burundanga, a plateia acompanha os passos de dois trambiqueiros recém-chegados a uma cidadezinha localizada nos confins do Brasil. Quando a dupla João Teitê e Matias Cão começa a passar por dissabores, entre os quais a fome e a miséria, toma uma iniciativa inusitada: vestir-se de militar para inventar que o país foi tomado por um golpe. A partir desse estopim cômico, “os moradores creem que uma revolução está em curso, motivo suficiente para acirrar as discussões e aflorar os ânimos. O mal-entendido traz à tona interesses ocultos, paixões arrebatadoras e alianças improváveis, ocasionando uma confusa e divertida revolução”, destaca Jannuzzelli.

Apesar de escrita em 1994, Burundanga propõe ao espectador um exercício: refletir o momento atual vivido pelo País. “A peça trata de uma sociedade em que alguns tentam dar o golpe nos outros e, ao final, todo mundo sai de mãos vazias. Parece até algo premonitório, não é? O texto continua muito atual, pois as situações, as insinuações e a corrupção no País não mudam. Os personagens de Burundanga têm fome, cada qual com um interesse próprio. Não há um pensamento ético sobre as questões, não existe uma noção de civilidade e de cidadania. Por exemplo, tem uma fala do coronel que ilustra bem isso. Ele diz: ‘Primeiro, a gente tira a prefeita e, depois, pegamos tudo’. Um quer passar por cima do outro”, comenta Fernando Neves.

O encantamento do texto de Abreu, de acordo com o diretor, está justamente em indicar as mazelas da sociedade sem se render ao tom panfletário e partidário. “É arte, é teatro, não é palanque. Sendo assim, a fala do Abreu passa a ter um peso, uma grande importância. O interessante é que ele pega o cômico de todo esse drama que a gente vive para propor uma reflexão a partir de uma linguagem muito preciosa e de um tom metafórico. Burundanga é um convite ao simbolismo. Isso está faltando na sociedade atual. As coisas estão tão pragmáticas e concretas que o abstrato parece ter ido para a lua. As pessoas não conseguem ultrapassar o limite do palpável. Ninguém mais entende a metáfora”.

A comédia estará em cartaz sexta (21/9) e sábado (22/9), às 20h, e domingo (23/9), às 19h, no Teatro do SESI de Campinas. A entrada é gratuita (os ingressos podem ser reservados pelo sistema Meu SESI). Mais informações AQUI (Carta Campinas com informações de divulgação)

Comédia, Adulto, 90 min.
Dramaturgia: Luís Alberto de Abreu | Direção: Fernando Neves | Assistente de direção: Kátia Daher | Elenco: Aline Olmos, Bruna Recchia, Fernanda Jannuzzelli, Lara Prado, Lucas Marcondes, Rafael D’Alessandro e Rodrigo Nasser | Música: Lucas Uriarte | Cenário: Márcio Medina | Cenotécnica e adereços: Zé Valdir | Iluminação: Domingos Quintiliano | Figurino: Carol Brada e Leopoldo Pacheco | Produção executiva: Cassiane Tomilhero, Cristiane Taguchi e Juliana Saravali | Assessoria de imprensa: Tiago Gonçalves | Idealização: Damião Cia. de Teatro | Equipe técnica de Arte Cênicas SESI-SP: Miriam Rinaldi, Anna Helena Polistchuk, Daniele Carolina L. Uchikawa e Flavio Bassetti | Equipe técnica SESI São José dos Campos: Roberval Rodolfo de Oliveira, Fernando Luís de Andrade, Jean Fabio Valerio de Souza e Juliana Gurgel de Almeida Santos | Equipe técnica SESI Piracicaba: Fatima Cristina Monis, Attilio Severino de Andrade e Giselly Pereira da Silva | Equipe técnica SESI Itapetininga: Milton Cardoso, Carlos Eduardo de Andrade e Danilo Monari Baptista dos Santos | Equipe técnica SESI Campinas Amoreiras: Maria Inês de Rezende Vianna, Christian Henrique Rodrigues de Melo e Ezequiel Teixeira | Equipe técnica SESI São Bernardo do Campo: Priscila Borges, Silnei Pereira, Igor Ferreira e Alessandra Rossi | Equipe técnica SESI Sorocaba: Júnior Mosko, Claudinei de Jesus Rosa e Maria Elídia Athayde Amorim | Realização: SESI-SP

Burundanga – A Revolução do Baixo Ventre, da Damião e Cia. de Teatro
Quando: Sexta (21/9) e sábado (22/9), às 20h, e domingo (23/9), às 19h
Onde: Teatro do SESI de Campinas (Av. das Amoreiras, 450, Pq. Itália, em Campinas/SP)
Quanto: Entrada franca (os ingressos podem ser reservados pelo sistema Meu SESI, no www.sesisp.org.br/meu-sesi)
Informações: (19) 3772-4100 e damiaoeciadeteatro.com.br
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Modalidade: Adulto
Gênero: Comédia