Assim como Lula, o jornal Munchener Post, de Munique, travou uma longa batalha judicial na Alemanha pré-nazista. Mas de nada adiantou; o jornal perdeu todas as ações no Poder Judiciário da Alemanha.

A história é narrada pela jornalista Sílvia Bittencourt, autora do livro Cozinha Venenosa. Ela conta a história do pequeno jornal Munchener Post,  veículo social-democrata que travou várias batalhas no Poder Judiciário contra os grupos e setores que apoiavam o nazismo.

O advogado do jornal era Max Hirschberg, muito respeitado na Alemanha, inclusive pelos conservadores. Mas isso não impedia a previsão das derrotas judiciais.”Para ele era claro que eles sempre perderiam na Justiça”, conta Silvia. A história do advogado é narrada em outro livro, ‘Justice Imperiled’, de Douglas Morris.

Max Hirschberg declarou: “Eu nem ligo de perder essas brigas na Justiça porque, é claro, a justiça é totalmente parcial”. Mas ele se indignava com o silêncio sepulcral dos outros jornais liberais. Os grandes jornais se calavam diante das violências contra o Munchener Post.

“Mesmo quando o Munchener Post denunciava coisas graves, com documentos para provar, as coisas não repercutiam. Isso é o que eu fico mais encasquetada”, conta a historiadora Sílvia que mora na Alemanha. Alguns brasileiros também estão encasquetados. Sobre a justiça e nazismo, veja entrevista de Laymert Garcia dos Santos.

É sintomático que um candidato à Presidência da República com ideias semelhantes às do nazismo tenha grande porcentagem de votos atualmente. É sintomático também que o ministro Luís Roberto Barroso tenha dito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia em que cassou a candidatura de Lula, que “não há perseguição política” e que “não estamos em um Estado de Exceção”. Realmente, estamos apenas em uma Justiça de Exceção. (Veja mais sobre essa história aqui)